quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Mensagem às colegas de grupo



Estava aqui a pensar na reunião de ontem. A avaliação tem aspectos muito positivos. discutem-se coisas que não eram discutidas de bom grado por muitos. Agora, estão na ordem do dia. O trabalho cooperativo já se fez e bem em muitas escolas com gosto por professores que se davam bem a trabalhar em conjunto e aprendiam sem dor. Agora, é diferente, impõem-nos a cooperação e nós nunca gostamos de coisas impostas. Alguns nunca trabalharam de forma cooperativa e agora são obrigados a isso. É um parto com dor!
A avaliação para alguns vai obrigar a pensar práticas até aqui automatizadas. Não digo que fossem más, mas eram automatizadas!
As notas são o diacho! Andávamos todos satisfeitos com o SATISFAZ e considerávamo-nos bons. Agora, há o MUITO BOM e o EXCELENTE e todos nós secretamente nos consideramos um pouco incluídos na nota! Não trabalhamos nós tanto? Os nossos alunos não nos põem o cabelo branco? Não fazemos tudo aquilo que sabemos ? É injusto termos só BOM porque não preenchemos todos os requisitos de uma grelha! E se tivermos o azar de ter o REGULAR e o INSUFICIENTE?
A auto estima é fundamental numa profissão tão frágil, numa profissão onde, numa aula, se joga toda uma vida, plena de medos, de frustrações, de anseios, de realizações, de necessidade de amar e ser amada!
È bom sermos obrigados a olharmo-nos ao espelho, mas a operação deve ser muito cautelosa porque o espelho pode-se partir, nós levarmos com os estilhaços e os alunos também.
O que está em causa é a avaliação ou esta avaliação?
Todos os dias chegam notícias de países onde não há avaliação e o ensino e a aprendizagem decorrem da melhor maneira, porque não copiarmos essa prática? Será que resulta com os portugueses?
Não sei, sei que estou muito confusa, mas acho que havia necessidade de deitar alguma mão ao ensino português!
Ir a este extremo? Acho que não. As grelhas a mais estiolam a criatividade. Lembro-me bem, há uns anos, de um estagiário que exultava:
- Amanhã vou dar a minha primeira aula sem plano de aula!
Era a liberdade de ser, sem coletes de força!
É verdade que as intervenções têm que ter sentido. È muito importante pensarmos a aula, sabermos o fim a que se destina, o que vamos tentar desenvolver nos alunos e como o vamos fazer, mas para isso, um papel, no livro, numa folha em branco do Word, num acrescento ao plano a médio prazo, chega. Para quê fazermos tudo muito bonitinho, só para inglês ( ou coordenadora ou seja lá quem for) ver?

Sortear ou circunscrever a um horário específico  o que vai ser observado? É sempre uma roleta russa a aumentar a ansiedade. Os professores precisam de calma, de carinho para com a sua acção junto das crianças, para poderem estar livres para observar e chegar  à forma de tentar libertar nelas o desejo de aprender.


Bem, já me alonguei demais e eu que queria só pôr à vossa consideração a entrega ou não dos testes da minha turma do 7º D. Ontem, ficou em acta que se deveria entregar com um comentário. Os testes desta turma têm os erros corrigidos e um comentário global, um ou outro até um comentário à resposta. Mas servirá para alguma coisa?
Na última reunião de Conselho de Turma, um colega opinou que os alunos iriam comportar-se pior quando começassem a receber negativa atrás de negativa. Concordo plenamente com isso. Para quê dar-lhes já uma negativa, que, embora não esteja explícita, está implícita. É capaz de ser um engano meu, esta tentativa de adiar a realidade, mas não deixa de ser uma tentativa, enquanto a outra é uma evidência. Se acharem que devo entregar eu entrego, mas sinceramente não queria!
É que já basta os rótulos com que estes miúdos vêm, as expectativas negativas que os professores têm deles e que acabam por transparecer para cada um deles!
Eu sei que sou lutadora, mas muitas vezes não consigo nada. Não esqueço  a ainda recente minha turma diabólica, com vontade de deitar fogo à escola, mas tentar é sempre uma tentativa! A educação não é uma ciência exacta!

Em anexo, vou mandar um artigo que reli para ver se alimentava a minha fome de transformação da realidade.

Bjs.