terça-feira, 27 de novembro de 2018

Algodão doce




Que a noite seja rosa e aluarada. Mesmo em noites escuras, a lua é capaz de iluminar de tal forma, que nos transporta como um elefante cor de rosa da infância até outras paragens, para além do horizonte. Saiba eu colher o algodão doce e o sabor a queijo de um tempo longínquo mas sempre presente, saiba eu subir ao nível das crianças!
   





sábado, 24 de novembro de 2018

Black Friday


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O termo “Black Friday”  foi inicialmente aplicado ao crash do mercado do ouro dos EUA, em 24 de Setembro de 1869. Jay Gould e Jim Fisk juntaram-se para comprar o grandes quantidades de ouro, com o objetivo de aumentar o preço e vendê-lo com elevado lucro. No entanto, este esquema foi desfeito naquela sexta feira de setembro, fazendo entrar o mercado de ações em queda livre e levando à falência todos os acionistas da Wall Street.
Todavia, a história comumente mais repetida relaciona-se com o facto de, depois de um ano inteiro em que os comerciantes operaram com negócios fracos, “no vermelho”, as lojas obtiveram  lucros, no dia seguinte ao dia de Ação de Graças, já que os compradores em férias  aproveitaram os tradicionais descontos da época para comprar produtos, ou seja  fizeram a economia entrar em “preto”.
Com efeito, tradicionalmente, as perdas dão-se no “vermelho”, os lucros em “preto”.
No entanto, em 1961, em Filadélfia, tentou-se mudar a denominação de “Sexta feira Negra” para “Sexta-feira Grande”, marcando o boom de compras antes do Natal, mas a tradição sobrepôs-se.
Nos últimos anos, surgiu o mito que conta que, alegadamente, nos anos de 1800, os proprietários das plantações do sul costumavam comprar escravos com desconto no dia seguinte ao Dia de Ação de Graças. No entanto, esta versão não tem bases na realidade.


quinta-feira, 1 de novembro de 2018

Pão por Deus








Pão por Deus

As oferendas aos mortos são comuns em diversas culturas, incluindo os celtas que habitaram a região, onde hoje se localiza Portugal, com pão, bolos, vinho e outros alimentos.Com efeito, os Celtas acreditavam que, nesta época de morte da natureza, os mortos voltavam à terra e era preciso apaziguá-los. A Igreja católica cristianizou esta prática como fez a muitas outras. Começou-se, então, a reservar lugar à mesa e comida para os mortos, bem como a  deixar um pão à porta, resguardado por um pano, com a intenção de honrar os mortos, mas também, socorrer algum pobre que por ali passasse. Esta tradição está documentada no século XV.

No ano seguinte ao terramoto de Lisboa de 1 de novembro de 1775, fez-se o pedido do “pão por Deus” para socorrer à miséria dos vivos, lembrando, ao mesmo tempo os mortos.

Mais recentemente, no dia 1 de novembro, Dia de Todos-os-Santos em Portugal, as crianças costumavam juntar-se em grupos para pedir o “ Pão por Deus” ou bolo de porta em porta.

“Pão por Deus,

Fiel de Deus,

Bolinho no saco,

Andai com Deus”

 

-Ó tia, dá Pão-por-Deus?

Se o não tem dê-lho Deus!

 

 

A coca, abóbora ou cabaça a lembrar uma caveira iluminada também remonta à mesma tradição Celta do Samhain.

 

Uma receita de Pão por Deus

 

3Kg de batatas

3Kg de farinha para bolos

1,750Kg de açúcar

10 Ovos

½ Litro de leite (morno)

½ Litro de Óleo/azeite

1 Colher de sopa fermento em pó

Raspa de um limão (ou mais a gosto)

Canela e erva-doce (a gosto)

Fruta seca (nozes, avelas, sultanas etc.) as nozes e as avelas partidas

Passa-se o puré de batata cozida junta-se os restantes ingredientes mexendo bem sendo que os frutos secos serão adicionados, no fim.

Pode-se fazer pequenas bolas e levar ao forno em tabuleiro forrado com farinha

Depois de cozido retira-se e limpa-se excesso de farinha com um pano embebido em óleo.

 

Quando pedem o Pão por Deus, as crianças recitam versos e recebem pão, broas, bolos, romãs e frutos secos, nozes, tremoços, amêndoas ou castanhas, que colocam dentro dos seus sacos de pano.

 

Em Coimbra, existe o canto:

Bolinhos e bolinhós

Para mim e para vós,

Para dar aos finados

Que estão mortos e enterrados

À bela, bela cruz

Truz, Truz!

 

A senhora que está lá dentro

Sentada num banquinho

Faz favor de s’alevantar

Para vir dar um tostãozinho.

 

Se recebem oferendas:

:

 

Esta casa cheira a broa,

Aqui mora gente boa.

Esta casa cheira a vinho,

Aqui mora um santinho.

 

Se não recebem:

Esta casa cheira a alho

Aqui mora um espantalho.

Esta casa cheira unto

Aqui mora algum defunto

 

Nos Açores, existe a tradição das  “caspiadas”, ou “escaldadas”, que segundo Ernesto Veiga de Oliveira,  são uma espécie de pão  “de base achatada e arredondados por cima que lembram o topo de uma caveira humana”, honrando assim também os mortos.

Estas caspiadas, algures na Europa, eram conhecidos como o “topo de caveira”, por pretenderem imitar o crânio ou caveira.

As Caspiadas (ou Escaldadas), são bolinhos de base achatada e arredondados, do tamanho de uma mão fechada, com cerca de 12 cm de diâmetro, eram cozidas em forno de lenha, e confecionadas à base de farinha de milho, farinha de trigo, ovos, açúcar, leite, manteiga, pau de canela, erva-doce, folhas de laranjeira azeda e erva de Nossa Senhora.

O bolo deve ser enrugado para lembrar o topo de uma caveira, já que se trata de uma iguaria ritual, alusiva ao culto dos mortos, ou seja  ao cerimonial do Pão por Deus que decorre a 1 de Novembro.

Segundo o povo, as melhores são as que ficam com uma racha, o que  lembra mais a caveira.

Esta  tradição poderá ter origem num ritual tibetano do culto dos mortos, adoptada depois por algumas tribos célticas. Enquadrar-se-á, então, num conjunto de crenças religiosas de base Indo-Europeia, que terá chegado aos Açores com o seu povoamento por flamengos.  

   

Em alguns locais da região Centro, este dia é o  ‘Dia dos Bolinhos’ ou ‘Dia do Bolinho’.

Os bolinhos típicos são confecionados à base de farinha e erva doce com mel (noutros locais batata doce e abóbora) e frutos secos como passas e nozes. São chamados “Santorinhos” ou “Broas dos Santos”.

Em alguns locais, os padrinhos oferecerem um Santorinho aos seus afilhados.

 

José Leite de Vasconcelos, Etnografia Portuguesa vol VIII, Imprensa Nacional Casa da Moeda.

Ernesto Veiga de Oliveira, Festividades Cíclicas em Portugal, disponível em: Ernesto Veiga de Oliveira, Festividades Cíclicas em Portugal, https://books.openedition.org/etnograficapress/5888

J. Leite de Vasconcelos. Miscelânea Ethnographica, pág. 246.

Luís da Silva Ribeiro. Notas sobre a vida rural na Ilha Terceira (Açores). «Revista Lusitana». vol. 33. 1935. pág. 93.

 

https://www.youtube.com/watch?v=GNIstgWY9xM&list=RDGNIstgWY9xM&start_radio=1 – Pão por Deus

 

Origem do Halloween, hoje globalizado




SAMHAIN

Na Irlanda celta, cerca de 2.000 anos atrás, o Samhain é um ritual de passagem entre o verão e o inverno. Nestas passagens, há a noção em que se esbatem as fronteiras entre os vivos e os mortos. Desta forma, os antepassados da família são homenageados, enquanto se afastam os espíritos nocivos. As fantasias e máscaras que as pessoas envergavam têm essa mesma função de afastar o mal (o mesmo acontece noutras festas rituais, ex. festa dos rapazes em Trás-os-Montes). Outros rituais apotropaicos como as fogueiras também pretendem afastar o medo do mal. A comida é cozinhada para os vivos e os mortos. A preparada em honra destes últimos é partilhada com os menos abastados.
Os Irlandeses que emigraram para a América, durante a crise da década de 1840, levaram estas tradições nas quais foi incorporado o costume americano de esculpir abóboras na época das colheitas.
O cristianismo deu novo sentido a esta festividade, criando o dia de “Todos os Santos”.