domingo, 20 de outubro de 2019

D. António Ferreira Gomes













D. António Ferreira Gomes com D. Manuel Martins (ainda antes de eleito Bispo de Setúbal) em julho/1969, nos dias do regresso ao Porto depois de 10 anos de exílio.
A jornada de ontem no Paço e na Sé do Porto foi uma digna e justa celebração daquele regresso. O dia coincidiu com os 60 anos do impedimento de entrada no país na fronteira de Valença, em 18 de outubro de 1959. Apesar to tempo invernal, o povo do Porto quis associar-se enchendo o auditório e, à noite, a Sé Catedral para um memorável espetáculo de teatro e música. (fundação SPES)



António Ferreira Gomes nasceu em Milhundos, a 10 de maio de 1906 e faleceu em Ermesinde a 13 de abril de 1906.  
Entrou para o seminário a 16 de outubro de 1916. Estudou filosófia e teológia em Roma, na Universidade Pontificia  Gregoriana, entre 1925 e 1928.
Aos 22 anos é ordenado  por D. António Augusto de Castro Meireles.  Mais tarde torna-se  prefeito e diretor de disciplina no Seminário de Vilar. Por impedimento do seu tio, cónego Ferreira Gomes, em 1936, exerce as funções de vice-reitor com funções de Reitor. Em junho de 1936, torna-se cónego da Sé do Porto, juntamente com Manuel Valente e Sebastião Soares de Resende. Manda colocar nas paredes do Seminário, as máximas: “De joelhos diante de Deus, de pé diante dos homens” e “Fostes resgatados por grande preço, não queirais tornar-vos servos dos homens” (1Cor 7, 23).
Entre 1948 e 1952 tomou a seu cargo o bispado das dioceses de Portalegre na qual contactou com a miséria do povo alentejano, que lhe teria dado um sentido mais real da vida, no Portugal salazarista. Perante isso, preconizava associações agrárias de inspiração cristã, com base na doutrina social da Igreja, para apresentar soluções para os problemas aí vividos.
De 1952 a 1958, notabilizou-se pela atenção à miséria social do povo português, pela crítica do corporativismo do Estado e pela exigência de livre expressão do pensamento e da ação política e de reunião.
A Carta pró-memória, enviado pelo bispo do Porto a Oliveira Salazar, (13 de julho de 1958) antes de um desejado encontro, questiona quatro possíveis objeções que o Estado teria à ação da Igreja e dos católicos e afirma: “ apenas sugiro e peço, mas isso com toda a nitidez e firmeza, o respeito, a liberdade e a não-discriminação devidos ao cidadão honesto em qualquer sociedade civil.”
Depois de um período em que Salazar se movimentou, em vão, para que a Santa Sé exonerasse o bispo, consegue que o bispo seja aconselhado a retirar-se para férias ( escondendo-se que seria uma saída sem retorno), em 24 de julho de 1959. Desta forma,
vê-se forçado a um exílio de dez anos, primeiro em Vigo e depois continuado em Santiago de Compostela e Valência. Colabora na acção pastoral de  Lourdes, Ciudad Rodrigo e Salamanca. A A estes locais vão muitos amigos apoiá-lo.

Durante, o Concílio Vaticano II, é membro da Comissão dos Seminários e Estudos, participando na aula conciliar com intervenções de interesse, relativas ao esquema dos bispos, do ecumenismo, da Igreja no mundo e da liberdade religiosa (1963-1965). A relevância das suas intervenções, juntamente com o  portuense D  Sebastião Soares de Resende são salientadas pelos estudiosos.
Em de 1969, devido a diligências da ala liberal, com a intervenção direta de Francisco Sá Carneiro, em colaboração com padres diocesanos atuantes junto da Nunciatura, Marcelo Caetano autoriza a sua entrada em Portugal.

De volta ao Porto envolveu-se na ação pastoral segundo as directrizes do Concílio Vaticano II. A mudança do título do jornal “Voz do Pastorl” para “Voz Portucalense” mostra bem qual o objetivo do seu apostolado.
Não deixa nunca de ser uma figura incómoda e polémica. São exemplos: a presença no julgamento do Padre Mário Pais de Oliveira nos dias 7 e 8 de janeiro de 1971, a homilia da paz de 1972 quando fala da teologia da guerra e inclui referências às «virtudes militares» dos capelães, o interdito à paróquia de Mozelos no dia 1 de janeiro de 1974.
Em 1969, prefacia os “ Contos Exemplares” de Sophia de Mello Breyner considerando que Sophia chega à verdade não pela via platónica grega, mas pela paixão invoca o mistério e a transcendência do ser humano, ao modo católico.

A mesma linha ética mantem-se após o 25 de Abril. O diálogo com a cultura moderna será o seu tema central desde 1976 até ao fim.
Na altura do PREC, a defesa da doutrina social da igreja e a denúncia dos extremismos, deram continuidade à sua defesa da tolerância e liberdade.

Em 1986, em entrevista à RTP, afirma: “eu professo que Deus é o Senhor da História e que a História tem sentido”.

“O homem existe, cumpre-se e pensa-se na história. E a história não existe, faz-se. É o homem que a faz e escreve; mas também é ela, feita e escrita, que faz o homem…”
Virá a confessar (Cartas, p.148) : "cremos e professamos que o Bem supera o mal, que onde abundou o pecado superabundou a Redenção e que no fim o Bem triunfará. É isto que dá sentido à história”
Perante a pergunta: “seremos nós os homens do fim?” (Cartas, p.139), D A “Penso e creio que a História tem um sentido, que o tempo é um dom de Deus e que os sucessivos avatares de encarnação [...] são passos [...] que sustentam o templo de Deus altíssimo” Ou mais adiante (Cartas, p. 148). Aceitou livremente a morte com plena lucidez, a 13 de abril de 1989. Também no seu fim adere à realidade e vive o último traço do seu itinerário com pleno humanismo cristão.
·         Barreto, António (coord.); Mónica, Filomena (coord.) (1999). Dicionário de História de Portugal. VIII. Porto: Livraria Figueirinhas. ISBN 972-661-165-2
·         BARRETO, José. «Adérito Sedas Nunes e o bispo do Porto em 1958» in Análise Social, vol. XLII (182), 2007, pp. 11-33.
·         Fernandes, António Teixeira (2001). Relações entre a Igreja e o Estado no Estado Novo e no pós 25 de Abril de 1974. Porto: Edição do autor. ISBN 978-972-95367-6-2
·         Ferreira, Manuel de Pinho (2004). A Igreja e o Estado Novo na Obra de D. António. Porto: Fundação Spes. ISBN 972-98147-6-7
·         LINDA, Manuel da Silva RodriguesAndragogia política em Dom António Ferreira Gomes. Porto: Fundação Spes, 1999. ISBN 972-98147-1-6
·         LINDA, Manuel da Silva Rodrigues . «D. António Ferreira Gomes e a Discussão sobre a Guerra Colonial». in Humanística e Teologia 24 (2003) pp. 111-123.
·         RÊGO, RaulO Caso do Bispo do Porto. Lisboa: Editorial República,



quinta-feira, 17 de outubro de 2019

HINO DA CATALUNHA

A História não tem nenhum valor



O hino da Catalunha tem a sua origem na Revolta dos Segadores que remonta a 1640.
A música é de Francesc Alió e foi composta em 1892, com base numa canção popular.