sexta-feira, 15 de setembro de 2017

Anja








A minha Anja sentou-se na cadeira
perto da minha cama.
Como a sua mão de luz
tocou-me os olhos e despertou-me.

A minha Anja veio visitar-me no sono
e mostrou-me por dentro os meus sonhos.
Veio com o seu véu de medusa
a esvoaçar perto do meu rosto.
A minha Anja moveu-me os seus lábios de ros
e revelou-me um segredo
que como uma brisa
refrescou a minha alegria.

A minha Anja está perto de mim
Como eu perto do mar
e as suas pequenas vagas
fazem mover o meu coração.
A minha Anja
a de hálito azul
trouxe-me o sorriso fresco das manhãs
e ensinou-me a cor confiante da espera.

A minha Anja deixou-me uma pena
da sua asa. Nela voarei
para colher o canto azul dos pássaros.


Nuno Higino, “A Anja de hálito azul”







sexta-feira, 8 de setembro de 2017

Louva a Deus







MONGE VERDE

Atormentado estava em labirinto,
sentei-me a meditar em meu jardim,
e os sonhos se fizeram de cetim
de um perfumado em rosa, qu’inda eu sinto.

E o monge se sentou perto de mim,
mãos postas, patas verdes, ser distinto,
falou-me o louva-a-deus, juro, não minto,
mimetizado à relva do capim:

“Por que tanta inquietude, amigo moço?
Soubésseis que esta vida é breve história,
jamais vós sofreríeis em sine die…

Que a morte em seu Mistério engole o poço,
e tudo o que levardes n’alma em glória
será o que viveis em carpe diem!”

Paulo Urban
http://www.amigodaalma.com.br/2011/04/22/eu-e-o-louva-a-deus/