segunda-feira, 20 de janeiro de 2020

Aborto e eutanásia

 

Há poucas coisas que me fazem dar resposta através da rede. Normalmente, conto até 1000 e a vontade passa. No entanto há uma coisa que me provoca inquietação: a intolerância ou a falta de respeito pela liberdade do outro.

Nestas redes, muitas opiniões são emitidas e quanto a mim, com algum sentido, quer digam uma coisa ou o seu contrário. Estou a falar mais concretamente do aborto e da eutanásia. Dois assuntos que remetem para o direito à vida e à felicidade e já agora, à liberdade de consciência de cada um. Já não há Inquisição para bem de todos! No entanto, quando se diz que ao referendar estes assuntos, as pessoas não vão entender todos ao meandros e então vão votar mal, já me parece pouco democrático, bem como partir do princípio que toda a sociedade está a favor da eutanásia. Não senhor, é uma questão fraturante e então! O 25 de abril se permitiu alguma coisa, foi isso, que cada um tivéssemos a nossa opinião fundamentada. Há ainda quem se deixe manipular por esta ou aquela instituição. Concerteza. Para votar neste ou naquele partido também.

Às vezes penso que os ideais do 25 de abril estão tão incompletos, tão incompletos … permitam, ao menos que possamos expressar-nos à vontade.

domingo, 19 de janeiro de 2020

A disciplina de História predispõe-se para a utilização de recursos digitais, em particular dispositivos móveis?

 

A disciplina de História predispõe-se para a utilização de dispositivos móveis?

A disciplina de História, sobretudo a História da Arte, mas não só, dispõe de variados recursos disponíveis através de dispositivos digitais ou do computador. É possível sem sair da sala de aula ou de casa viajar por variados museus mundiais, ver a obra de arte ou patrimonial em dimensões reais, por vezes 3D, enfim, aprender arte ou outros assuntos como se estivéssemos no próprio local.

Outras aplicações permitem fazer caminhadas interessantes, estilo caça ao tesouro que acho muito enriquecedoras. Dou como exemplo a aplicação geocaching que existe para várias localidades. Na escola onde estou relevo a geocaching Gondomar e a Geocaching Porto. A rota Porto liberal traça uma trilha urbana bastante interessante que permite fazer o percurso do liberalismo no Porto, quer se trate da implantação do liberalismo, com a revolução de 24 de agosto de 1920 quer se trata das lutas liberais e cerco do Porto, culminando na Igreja da Lapa, onde pode ser visto o local onde está guardado o coração de D. Pedro IV.

A rota do românico é extremamente interessante não só em visitas de estudo mas em trabalho de casa, por exemplo, em ensino à distância. Este ano, os professores do 7º ano da minha escola, operacionámo-la, cada um à sua maneira.

Eu lancei o seguinte desafio:

Vai a rota do românico: http//www.rotadoromanico.com.pt

Podes descarregar a APP para o teu telemóvel.

Lê a síntese das características que acabaste de estudar. Faz uma pequena síntese.

Vai a Estaleiro e observa os elementos românicos de um edifício.

A partir do que falamos na aula síncrona e depois de observares bem o Estaleiro, completa a ficha que anexo ( anexei à tarefa uma ficha de trabalho com as características do românico).

Procura Serviço Educativo e depois Maquetes. Escolhe uma das 58 ao dispor. Se tiveres impressora imprime. Caso não tenhas, decalca do computador para o papel, ou tenta fazer uma das mais simples (uma ponte, por exemplo) servindo-te da tua habilidade.

Descreve as características do monumento escolhido. Bom trabalho!

Os alunos deram uma resposta muito boa e fizeram as maquetes. Quem não tem impressora optou por fazer uma ponte, já que é mais fácil de executar.

 

A minha inscrição na oficina de formação “Aprendizagem ativa com recurso às TiC“  foi motivada pela minha convicção de que precisaria de aprender novos métodos de atuação em sala de aula, mais motivadores para os alunos e facilitadores para mim, numa altura em que a disciplina que leciono exigirá que tenha que lidar com um número crescente de turmas.  A participação revelou-se muito gratificante porque serviu de real incentivo a utilizar em sala de aula, e fora dela, ferramentas normalmente afastadas desse local, mas que fazem com que os alunos se sintam mais motivados a aprender, já que podem fazê-lo com os meios que normalmente usam para comunicar, informar e divertir, desde que bem supervisionados. Permitiu, também, refletir sobre métodos como a sala de aula invertida, extremamente interessante embora de difícil ou mesmo impossível aplicação no meio em que leciono, ou apenas pontualmente, já que poucos alunos mostram disponibilidade para trabalhar em casa e depois tirar dúvidas ou aprofundar em sala de aula. De qualquer forma, esta metodologia, tal como a que se baseia no trabalho por problemas ou projetos parece-me muito mais informadora de competências e capacidades necessárias à vida real do que a simples aprendizagem mais ou menos passiva e avaliada através de testes. A própria oficina foi organizada segundo estes princípios, já que pudemos dispor na plataforma moodle de bons emaze tutoriais que nos levaram a aprender em casa e a tirar as dúvidas nas sessões práticas. Desta maneira, nesta ação, encontrei o clima ideal para tomar contacto e aprender a lidar com software necessário à viabilização de aulas, que poderei operacionalizar, embora sem grandes voos de inovação, baseando-se, quase só, no método expositivo moderno, se poderão tornar mais capazes de obter feedback das aprendizagens, em pouco tempo, e operacionalizar paragens na exposição dialogada, proporcionando aumento de concentração, superação das dúvidas e a colmatação das aprendizagens não interiorizadas. A panóplia de novas possibilidades apresentada será, certamente, uma via a executar, de forma paulatina, no futuro, de forma a concretizar aulas mais participantes por parte dos alunos singulares, em pequeno ou grande grupo de forma a centrar as aprendizagens nos seus interesses.

Esta ação terá certamente um enorme impacto na minha prática docente, já que tendo experimentado o Kahoot, não em situação de aula mas de comemoração e consolidação de conhecimentos, experienciei uma maior concentração de uma turma que é extremamente difícil de se focar nas matérias letivas. A “caça à mensagem dos espiões” com Qr Code operacionalizada obteve, também, um resultado entusiasmante. Esta realidade, passada na Biblioteca da nossa escola, foi sentida pelo próprio diretor de turma deste grupo e pela professora que dá apoio dentro de sala de aula a um aluno autista que estavam espantados com o clima de entrega à tarefa gerado. Nas outras turmas, a responsabilidade evidenciada na elaboração de perguntas para o Kahoot, a execução do filme, a partir de endereços disponibilizados pela professora, funcionou como uma verdadeira sala de aula invertida, já que os alunos, depois de executado o Kahoot e sabidos os resultados, puderam tirar as dúvidas que ainda subsistiam e, desta forma, conseguir uma aprendizagem mais consolidada. O uso do plickers, numa das turmas, permitiu, também, fazer uma revisão rápida da Revolução Soviética e dar resposta às aprendizagens mais difíceis de consolidar. O uso do quizizz e incursão no emaze, que acabou por não ser usado em situação de comunicação, já que atendendo ao público alvo, preferi maior simplicidade e focagem no tema, abriram novos caminhos a explorar no futuro. Outras práticas foram muito pertinentes como o uso do  ZipGrade, mais tarde subsistituído pelo GradeCam, devido à descontinuidade de fornecimento do sftware para a Europa,  por permitirem obter o rápido feedback da aprendizagem de cada aluno, facilitando o auxílio imediato a quem não esteja a interiorizá-la. Estas ferramentas digitais utilizadas em sala de aula facilitam a dinamização de aprendizagens em que os alunos se organizem em trabalho cooperativo, negociando entre eles as decisões e apresentações aos outros grupos, planeando, também, a avaliação das aprendizagens obtidas. Pelo lado dos professores, as tecnologias digitais facilitarão o trabalho interdisciplinar de projetos. A partilha de materiais produzidos permitirá a facilitação do trabalho individual e a melhor concretização de um verdadeiro trabalho mais fraterno, que tenho a sorte de ser e poder continuar a ser praticado na minha escola.

Esta oficina decorreu de forma muito prática, como já disse atrás, como uma verdadeira aula invertida. Teve a virtude de nos pôr a experimentar a teoria na prática do computador e assim nos entusiasmar para implementar novo tipo de aulas. É evidente que a internet tinha falhas e os computadores/ projetor nem sempre funcionaram como deviam, prática que existe, também, nas nossas escolas, mas desta forma, pudemos consciencializar-nos para a necessidade de termos sempre um plano B, caso a tecnologia falhe. 

Ferramentas digitais

 

Os processos de aprendizagem com ferramentas digitais são uma

base imperiosa no mundo de hoje, mesmo considerando que a aprendizagem tem que

ser “sofrida”, esta tem que partir, na atualidade, de instrumentos digitais, quer na fase de

pesquisa, de tratamento da informação, da crítica e da síntese. A nível da avaliação,

sobretudo formativa e diagnóstica, o recurso a ferramenta digitais, particularmente as

móveis tormam-se não só aliciantes, mas também simples de utilizar, obter feedback e

melhorar a aprendigem, pelo que são fundamentais.

Em época de Covid 19 e de aulas não presenciais,  os dispositivos móveis

podem funcionar como um fator integrador, já que a quase totalidade dos alunos possui telemóvel, o que já não acontece com o computador.

No meu caso pessoal, posso dizer que sempre gostei de computadores, desde o desafio que me foi feito para coordenar o projeto Minerva, nos longínquos 1989, mas o telemóvel suscitava-me alguma repulsa, pelo seu pequeno teclado e outras razões, que, talvez a nível

inconsciente, tivessem a ver com a dependência existente, sobretudo, entre os mais

jovens, mas não só. Quando me ofereceram um smartphone, aparelho mais semelhante

ao computador ao qual estava habituada e com possibilidades de fazer boa fotografia,

tudo mudou. Depois disto, foi só necessário explorar a lista de Apps muito no âmbito da História, mas também de outras aplicações relacionadas com hobbies, como a jardinagem e a fotografia.

Descobri, afinal, um mundo de imensas possibilidades.

Esta disponibilidade espoletada por ações de formação neste campo,  teve um enorme impacto na minha prática docente: em época de pandemia as aulas on line tornaram necessario o uso de instrumentos simples capazes de motivar os alunos. Desta forma, utilizei além de várias aplicações acessíveis aos alunos por telemóvel, a orientação para sites capazes de possibilitar  uma aprendizagem mais autónoma, embora sempre guiada, tendo em linha de conta o nível etário e psicológico dos alunos, bem como os instrumentos disponíveis na plataforma Teams, como o Google forms.

A título de exemplo experienciei, neste período: a Geocaching, no âmbito de Cidadania, na minha Classroom de 7º ano; a exploração da Rota do Românico,que se revelou atrativa explorada de forma síncrona e assíncrona, já que foi lançado o seguinte desafio: Vai a rota do românico: http//www.rotadoromanico.com.pt 

Podes descarregar a APP para o teu telemóvel.Lê a síntese das características que acabaste de estudar. Faz uma pequena síntese com s tuas palavras. Vai a Estaleiro e observa os elementos românicos de um edifício. A partir do que falamos na aula síncrona e depois de observares bem o Estaleiro, completa a ficha que anexo ( anexei à tarefa uma ficha de trabalho com as características do românico). Procura Serviço Educativo e depois Maquetes. Escolhe uma das 62 ao dispor. Se tiveres impressora

imprime. Caso não tenhas, decalca do computador para o papel, ou tenta fazer uma das mais simples (uma ponte, por exemplo) servindo-te da tua habilidade.

Descreve as características do monumento escolhido. Bom trabalho!

Os alunos deram uma boa resposta e fizeram as maquetas pedidas, com entusiasmo.

O resultado do trabalho foi exposto no final do ano, publicado por mim, na página do facebook da escola, num padlet.

O uso do quizizz, integrado na moda da gamificação, usado como variante mais divertida do questionário, permitiu que os meus alunos do 7º e 9º ano, melhorassem as suas aprendizagens, já que foi aconselhado que os alunos repetissem o quizizz, depois de estudar as questões que não dominavam.

Depois de ter planeado atividades com recurso ao QrCode, Plickers e Kahoot  verifiquei o entusiasmo dos alunos mas ficou-me sempre a dúvida: ficam-se pela brincadeira ou as aprendizagens são ancoradas? Alguma coisa ficará, que, no tempo certo germinará, creio.

A partilha de materiais produzidos permitiu a facilitação do trabalho individual e a melhor concretização de um verdadeiro trabalho de equipa, de formação, produção e crítica de atividades com recurso ao digital.

sábado, 18 de janeiro de 2020

Maria de Lourdes Pintassilgo







Maria de Lourdes Pintasilgo nasceu a 18 de janeiro de 1930. Licenciada em engenharia químico-industrial, foi presidente da Juventude Universitária Católica Feminina (JUCF). Foi investigadora na Junta de Energia Nuclear, em 1954 tornou-se a primeira mulher com o cargo de chefe de serviço no Departamento de Investigação e Desenvolvimento da CUF.  
Integrada no movimento católico “progressista” foi uma voz crítica contra as políticas do Estado Novo.
Depois do 25 de Abril, ocupou cargos governamentais e liderou organizações internacionais. Veio a ser a primeira mulher que em Portugal ascendeu ao cargo de ministra, tendo criado a Comissão da Condição Feminina. Em 1979  foi nomeada primeira ministra do V Governo Constitucional – um “governo de cem dias”, como a própria o designou, destinado a preparar eleições legislativas.
Em 1986 candidatou-se a Presidente da República. Na campanha percorreu todo o país, suscitando grande entusiasmo e uma adesão massiva, que, surpreendentemente, não viria a traduzir-se nos votos.
Sempre defendeu os movimentos de mulheres que lutassem pela emancipação, não só das mulheres, mas que “gerassem” uma sociedade na qual as mulheres tivessem poder para tornar o mundo num local melhor para todos: “(…) a presença das mulheres no poder deve traduzir-se numa melhoria das condições de vida dos seres humanos” defenderá.

Pessoalmente, lembro com saudade as sessões de trabalho no Liceu Camões, nas quais estava em cima da mesa a reflexão sobre a responsabilidade pelo outro, pelo que nos rodeia, por nós próprios, de forma a preencher o vazio moral e a perda de valores que a supremacia tecnológica tem feito recair sobre a humanidade em geral ou o entusiasmo com que acreditei que estava a trabalhar para que fosse eleita Presidente da República.

segunda-feira, 6 de janeiro de 2020

Cantiga de Reis








Cantiga de Reis  cantada em S. Cosme de Gondomar, na primeira metade do século XX,  

recolhida junto da Ti Olívia Rasteira, em 1979, com 90 anos, na altura.



Esta cantiga era cantada na noite de Reis por rapazes e raparigas. Era acompanhada à viola, violino "bangelim" ( bandolim).


Os três reis do Oriente
toda a noite caminharam
à procura do Menino
só em Belém o acharam.

Pastores, pastores
vamos a Belém
procurar o Deus Menino
que a Nossa Senhora tem.

Os três reis do Oriente
toda a noite caminharam
à procura do menino
só em Belém o acharam.

Glória seja dada ao Padre
ao Filho de Deus também
Glória seja dada aos Reis
para sempre Glória, Amém.

Os três reis do oriente
já chegaram a Belém
pr´adorar o Deus Menino
que a Nossa Senhora tem.


Os três reis do oriente
partiram para Belém
adorar o Deus Menino
e a Virgem sua mãe.

Foram a casa de Herodes
por ser o maior reinado
que lhe ensinasse o caminho
onde o menino era nado.

Herodes como traidor
como profeta malino
às avessas lhes ensinou
aos santos reis o caminho.

O Senhor dos altos céus
viu um grande desatino
mandou logo uma estrela
que lhes ensinasse o caminho.

Aquela estrela divina
foi-se pôr numa cabana
onde estava o S. José
e a Virgem soberana.

A cabana era pequena
não cabiam todos três
resolveram adorar
cada um por sua vez.

Os reis lhes ofereceram
ouro, mirra e incenso
não lhe ofereceram mais nada
porque Deus era imenso.

Glória seja dada a Deus
louvai ao Senhor, louvai
em louvor dos santos Reis
a consoada nos dai.