sábado, 25 de novembro de 2017

Black Friday- Fim de semana negro











Nós por cá continuamos com a sexta-feira preta que se estende ao fim de semana negro, enquanto as notícias sobre a situação dos professores aparecem aldrabadas por pessoas de responsabilidade, cambada de malandros que ganham acima da média europeia, os professores ou os políticos? Não sei o que se passa com as outras classes profissionais por isso não me pronuncio! Se partir da análise feita sobre os professores, também muita mentira deve ser dita sobre os outros! Nós cá vamos alegremente, enquanto uma chuvinha rega o jardim e o outono continua esplendoroso, porque todos os apelos feitos para que haja uma economia sustentável são vãos para as potências que mandam no mundo. As injustiças e escravização disfarçada ou não, relativas aos refugiados, são coisas normais. Nós vamos comprar tudo o que esteja a 50%, porque é uma boa compra, mesmo que o preço original tenha sido subido antecipadamente. O Infarmed vem para o Porto o que é explicado por umas narrativas que convencem os incautos! Muito mais havia a dizer, mas, sinceramente, acho que não percebo nada




domingo, 19 de novembro de 2017

Encontro com Nuno Higino



Hoje lembrei-me da minha mãe, como sempre acontece todos os 19 de novembro e afinal, todos os dias. No entanto, lembrei-me hoje através de Nuno Higino que, no dia 14 de novembro, dia do patrono Júlio Dinis, foi à minha escola. Tive o privilégio de uma colega do grupo de Português me convidar para levar uma das minhas turmas à admirável palestra, como todas as outras às quais já tinha assistido.Parabéns pela iniciativa. Obrigada grupo de Português. Obrigada Nuno Higino







O coração divisível das mães
“As mães são as mais altas coisas
 que os filhos criam…

Helberto Helder



O coração divisível das mães
“O olho imperturbável da noite vigia o sono leve das mães e elas
Sonham uma flor solitária; uma escarpa de chuva
Precipita-se no coração florido das mães; a mão divisível das mães
Dobra cada recanto da casa, cresce como uma escarpa
De chuva sobre a música aflita dos filhos; a mão roda a corda
Dos filhos e a noite vigia o sono leve das mães.
As mães dormem com o sono tatuado nos dedos, dormem
De frente para a parede branca dos filhos: sentem os dedos deslizar,
O lápis dos dedos  a deslizar sobre  a superfície branca da alma.
A mãe dos filhos é um diadema sobre o coração divisível
das mães, um diadema estelar para a floração imprevisível
das noites. As mães erguem-se na noite e descem a escarpa
dos filhos, aconchegam –lhes ao rosto o lençol da insónia e regressam
ao casulo imperturbável do sonho, ao olhar solitário da noite.

Mãe, Nuno Higino




Mãe

Eu vejo-te lá longe a fazer flores de papel e a organizar “Enterros de merendas”, recheados de teatro e poesia. Relembro a tua aflição porque eu não comia nada além dos bolinhos de festa, do caldo verde e do queijo. Quantas vezes me levaste me levaram ao médico e por não haver resolução,  na pá, dentro do forno para talhar o ougado, passaram por cima de mim, me barraram de carvão para talhar as bichas! No entanto, as linhas, os pontos, a tesoura e os livros foram sempre o meu mundo e eu misturava-me com as crianças a quem ensinavas para aprender. De comida, só lembro  a regueifa com queijo, na serra aonde nos levavas para me abrir o apetite. Olha se eu hoje precisaria disso!
Tive tanto orgulho em ti quando aflita, no exame da minha 4ª classe, a professora examinadora pegou numa flor que tinhas feito para enfeitar o tinteiro e a levou ao nariz para cheirar!
Sei que me protegias como a um ser de porcelana frágil o que enciumava o  meu irmão, robusto, a comer este mundo e o outro e a asneirar, fugindo de seguida para dentro do poço, sem água e com uma escadinhas por dentro, levando a minha mãe a afligir-se porque temia perdê-lo.
Soubeste-me a pouco porque devido à tua doença tiveste que ir para Lisboa, que naquela altura ficava muito mais longe do que hoje, para te tratar e nós, os teus filhos tivemos que ficar sem ti, temporariamente. Voltaste e foi a alegria plena que culminou na nossa profissão de fé!
 Apesar de rezarmos todos os dias o terço, altura em que te punha perguntas incómodas que evitavas responder, e eu ser tão religiosa que até a Nossa Senhora cheguei a ver no quintal, num buraco da parede, aquele momento em comum parecia o ideal para me satisfazeres a curiosidade!
Por fim, vem aquela madrugada. “A tua mãe quer-se despedir de ti!” E eu com um vestidinho azul marinho com gola branca lá fui, sem querer despedir-me dela!

Mãe!



sexta-feira, 17 de novembro de 2017

Janela













"O que é uma janela? (…) Uma janela debruça-nos sobre o espanto (…) através delas o tempo, esse elemento tão misterioso e esquivo, mostrou-se inteiro na transparência do visível; através delas compreendemos que o que primeiro nos parecia apenas uma perceção sensorial do que está fora era afinal uma sonda preciosa para viajarmos internamente."

José Tolentino de Mendonça, "O pequeno caminho das grandes perguntas"

quarta-feira, 1 de novembro de 2017

Pão por Deus








Esta tradição que remonta a práticas celtas, foi como outras cristianizada, estando documentada no século XV.
No ano seguinte ao terramoto de Lisboa de 1 de novembro de 1775, fez-se o pedido do “pão por Deus” para socorrer à miséria dos vivos, lembrando, ao mesmo tempo os mortos.
Na verdade, esta tradição substitui a Celta que cria que nesta época de morte da natureza, os mortos voltavam à terra e era preciso apaziguá-los  com pão, bolos, vinho e outros alimentos.
Mais recentemente, no dia 1 de novembro, Dia de Todos-os-Santos em Portugal, as crianças costumavam  juntar-se em grupos  para pedir o “ Pão por Deus” ou bolo de porta em porta.
“Pão por Deus,
Fiel de Deus,
Bolinho no saco,
Andai com Deus”

A coca, abóbora ou cabaça a lembrar caveira iluminada também remonta à mesma tradição Celta do Samhain.

Uma receita de Pão por Deus

3Kg de batatas
3Kg de farinha para bolos
1,750Kg de açúcar
10 Ovos
½ Litro de leite (morno)
½ Litro de Óleo/azeite
1 Colher de sopa fermento Royal
Raspa de um limão (ou mais a gosto)
Canela e erva-doce (a gosto)
Fruta seca (nozes, avelas, sultanas etc.) as nozes e as avelas partidas


Passe a puré a batata já cozida junte-lhe os restantes ingredientes mexendo bem sendo que os frutos secos são no fim.
Faça pequenas bolas e leve ao forno em tabuleiro forrado com farinha
Depois de cozido retirar e limpar o excesso de farinha com um pano embebido em óleo.