segunda-feira, 17 de outubro de 2011

SER PROFESSOR

OS PROFESSORES

O ARTIGO QUE GOSTAVA DE SABER ESCREVER - HOMENAGEM AO SEU AUTOR A TODOS OS PROFESSORES QUE ME ESCULPIRAM E ME CONTINUAM A ESCULPIR
Um ataque contra os professores é sempre um ataque contra nós próprios, contra o nosso futuro. Resistindo, os professores, pela sua prática, são os guardiões da esperança.Artigo |15 Outubro, 2011 – 00:17Um ataque contra os professores é sempre um ataque contra nós próprios – José Luís Peixoto
O mundo não nasceu connosco. Essa ligeira ilusão é mais um sinal da imperfeição que nos cobre os sentidos. Chegámos num dia que não recordamos, mas que celebramos anualmente; depois, pouco a pouco, a neblina foi-se desfazendo nos objectos até que, por fim, conseguimos reconhecer-nos ao espelho. Nessa idade, não sabíamos o suficiente para percebermos que não sabíamos nada. Foi então que chegaram os professores. Traziam todo o conhecimento do mundo que nos antecedeu. Lançaram-se na tarefa de nos actualizar com o presente da nossa espécie e da nossa civilização. Essa tarefa, sabemo-lo hoje, é infinita.
O material que é trabalhado pelos professores não pode ser quantificado. Não há números ou casas decimais com suficiente precisão para medi-lo. A falta de quantificação não é culpa dos assuntos inquantificáveis, é culpa do nosso desejo de quantificar tudo. Os professores não vendem o material que trabalham, oferecem-no. Nós, com o tempo, com os anos, com a distância entre nós e nós, somos levados a acreditar que aquilo que os professores nos deram nos pertenceu desde sempre. Mais do que acharmos que esse material é nosso, achamos que nós próprios somos esse material. Por ironia ou capricho, é nesse momento que o trabalho dos professores se efectiva. O trabalho dos professores é a generosidade.
Basta um esforço mínimo da memória, basta um plim pequenino de gratidão para nos apercebermos do quanto devemos aos professores. Devemos-lhes muito daquilo que somos, devemos-lhes muito de tudo. Há algo de definitivo e eterno nessa missão, nesse verbo que é transmitido de geração em geração, ensinado. Com as suas pastas de professores, os seus blazers, os seus Ford Fiesta com cadeirinha para os filhos no banco de trás, os professores de hoje são iguais de ontem. O acto que praticam é igual ao que foi exercido por outros professores, com outros penteados, que existiram há séculos ou há décadas. O conhecimento que enche as páginas dos manuais aumentou e mudou, mas a essência daquilo que os professores fazem mantém-se. Essência, essa palavra que os professores recordam ciclicamente, essa mesma palavra que tendemos a esquecer.
Um ataque contra os professores é sempre um ataque contra nós próprios, contra o nosso futuro. Resistindo, os professores, pela sua prática, são os guardiões da esperança. Vemo-los a dar forma e sentido à esperança de crianças e de jovens, aceitamos essa evidência, mas falhamos perceber que são também eles que mantêm viva a esperança de que todos necessitamos para existir, para respirar, para estarmos vivos. Ai da sociedade que perdeu a esperança. Quem não tem esperança não está vivo. Mesmo que ainda respire, já morreu.
Envergonhem-se aqueles que dizem ter perdido a esperança. Envergonhem-se aqueles que dizem que não vale a pena lutar. Quando as dificuldades são maiores é quando o esforço para ultrapassá-las deve ser mais intenso. Sabemos que estamos aqui, o sangue atravessa-nos o corpo. Nascemos num dia em que quase nos pareceu ter nascido o mundo inteiro. Temos a graça de uma voz, podemos usá-la para exprimir todo o entendimento do que significa estar aqui, nesta posição. Em anos de aulas teóricas, aulas práticas, no laboratório, no ginásio, em visitas de estudo, sumários escritos no quadro no início da aula, os professores ensinaram-nos que existe vida para lá das certezas rígidas, opacas, que nos queiram apresentar. Se desligarmos a televisão por um instante, chegaremos facilmente à conclusão que, como nas aulas de matemática ou de filosofia, não há problemas que disponham de uma única solução. Da mesma maneira, não há fatalidades que não possam ser questionadas. É ao fazê-lo que se pensa e se encontra soluções.
Recusar a educação é recusar o desenvolvimento.
Se nos conseguirem convencer a desistir de deixar um mundo melhor do que aquele que encontrámos, o erro não será tanto daqueles que forem capazes de nos roubar uma aspiração tão fundamental, o erro primeiro será nosso por termos deixado que nos roubem a capacidade de sonhar, a ambição, metade da humanidade que recebemos dos nossos pais e dos nossos avós. Mas espero que não, acredito que não, não esquecemos a lição que aprendemos e que continuamos a aprender todos os dias com os professores. Tenho esperança.
Artigo de José Luís Peixoto, publicado na revista Visão de 13 de Outubro de 2011

Professor formador de valores



CARTA DE ABRAHAN LINCOLN AO PROFESSOR DO SEU FILHO:
"Caro professor, ele terá de aprender que nem todos os homens são justos, nem todos são verdadeiros, mas por favor diga-lhe que, para cada vilão há um herói, que para cada egoísta, há também um líder dedicado, ensine-lhe por favor que para cada inimigo haverá também um amigo, ensine-lhe que mais vale uma moeda ganha que uma moeda encontrada, ensine-o a perder, mas também a saber gozar da vitória, afaste-o da inveja e dê-lhe a conhecer a alegria profunda do sorriso silencioso, faça-o maravilhar-se com os livros, mas deixe-o também perder-se com os pássaros no céu, as flores no campo, os montes e os vales.
Nas brincadeiras com os amigos, explique-lhe que a derrota honrosa vale mais que a vitória vergonhosa, ensine-o a acreditar em si, mesmo se sozinho contra todos.
Ensine-o a ser gentil com os gentis e duro com os duros, ensine-o a nunca entrar no comboio simplesmente porque os outros também entraram.
Ensine-o a ouvir todos, mas, na hora da verdade, a decidir sozinho, ensine-o a rir quando estiver triste e explique-lhe que por vezes os homens também choram.
Ensine-o a ignorar as multidões que reclamam sangue e a lutar só contra todos, se ele achar que tem razão.
Trate-o bem, mas não o mime, pois só o teste do fogo faz o verdadeiro aço, deixe-o ter a coragem de ser impaciente e a paciência de ser corajoso.
Transmita-lhe uma fé sublime no Criador e fé também em si, pois só assim poderá ter fé nos homens.
Eu sei que estou pedindo muito, mas veja o que pode fazer, caro professor."

Abraham Lincoln, 1830

domingo, 16 de outubro de 2011

PELA LIBERDADE, IGUALDADE E FRATERNIDADE


Manifestação de Indignados do dia 15 de Outubro
Os «indignados» manifestam-se contra o modelo actual de governação política, económica e social. Reclamam uma democracia participativa, transparência nas decisões políticas e pedem o fim da precariedade de vida.
A PSP identificou vários jovens mas não fez qualquer detenção depois de vários jovens terem subido a a escadaria da Assembleia da República.
A polícia não se pronunciou sobre o número de manufestantes mas a tvi24.pt referiu que a organização avançou com cem mil pessoas em Lisboa e
50 mil no Porto.
Entretanto, foi anunciada
nova manifestação e a presidente da Assembleia da República, Assunção Esteves, manifestou disponibilidade para receber as propostas dos indignados.
Milhares de pessoas resistiram noite fora, com palavras de ordem e de indignação, já que a vigília junto ao Parlamento estava  autorizada até às duas da manhã.
Em Barcelona, segundo a agência Lusa manifestaram-se 60 mil pessoas.
Com um cartaz gigante à frente com a frase "Da indignação para a ação. As nossas vidas ou os vossos lucros".
“Como noutras cidades espanholas também aqui os manifestantes são heterogéneos, com famílias, estudantes, trabalhadores, funcionários do setor da saúde e professores a juntarem-se a elementos de movimentos ambientais e alternativos.”
Em Bruxelas, sede do Parlamento europeu a manifestação reúne ativistas franceses, belgas e espanhóis em intervenção comum contra o capitalismo
Noutras outras cidades europeias a mesma indigbação. Não é tempo de exigirmos civicamente a mudança da sociedade?





sexta-feira, 14 de outubro de 2011

A inquietação provoca a ação








Hoje houve uma sessão comemorativa dos 50 anos do curso de História, na FLUP.
Muitos professores marcaram esta instituição e informaram o esqueleto que hoje está dentro do meu corpo. A muitos recordo com saudade. Lembro apenas um porque já partiu, o professor Carlos Alberto Ferreira de Almeida. Não o recordo por se integrar numa escola de boa didática, mas sim porque praticava aquela que  creio ser a mais motivante. Despertar curiosidade e como ele dizia servir de trampolim. Fechava os olhos e discorriia. Nós corríamos para o acompanhar. Falava de tantas coisas ao mesmo tempo! Todas elas belas! Foi ele que me fez ver a beleza da Flauta Mágica de Mozart. Com ele passávamos das trevas para a luz, num ápice. Hoje estará seguramente repleto de luz.
O José Mário Branco também fazia parte de um dos painéis: o do movimento estudantil. É verdade, que é preciso é movimentarmo-nos.
Regozijo-me pelas bodas de ouro do curso de História, mas inquieto-me, porque a maltratam e nos maltratam, funcionários públicos, professores...


Eu vi este povo a lutar


Obrigada ao Armando pela lembrança

Stôra, quando vamos brincar às historinhas?






DN, 13-10-2011

Refere a notícia que está em cima da mesa a redução de horas de disciplinas “não estruturantes” como a História e Geografia.
Como penso que é o facto histórico, contextualizado nos seus diversos contextos, entre os quais os geográficos, que estrutura valores de identidade, tolerância e cidadania como cortar tempo a essas disciplinas?
O certo é que o baixo nível de horas atribuídas à História compromete a sua função de desenvolvimento não só de pesquisa e tratamento de fontes, contextualização e comunicação histórica, mas também, de formação de valores.
A falta de tempos apropriados leva, por vezes, a uma manta de retalhos mais parecido com o tratamento de temas soltos do que com a reflexão sistemática do evoluir histórico. Para um trabalho sério, seria necessário mais horas e não menos. Aqui os pressupostos economicistas imperam claramente.
Que me resta senão repetir o preâmbulo do blogue “A Formiga”?
Como considera Maria do Céu Roldão “o aluno que não gosta (de História) perde, por isso, não só a oportunidade de aprender bem e agradavelmente, mas perde mais do que isso, (…) perde uma das possibilidades mais ricas e gratificantes de se entender como pessoa, de compreender a sociedade que é a sua no contexto multifacetado do mundo do seu tempo; de se posicionar com uma atitude crítica, curiosa e interessada face ao devir em que participa; perde alguma coisa essencial, não só à sua formação pessoal, mas também ao prazer de viver compreendendo”.
Relembro, ainda, Nuno Crato em “O Eduquês” ( p. 118),  que refere: “ é indispensável a concentração nas matemáticas e temas essenciais, de que são exemplo a Matemática e o Português, a História, a Geografia e as Ciências”
Sr. Ministro, porque voltou atrás?