DN, 13-10-2011
Refere a notícia que está em cima da mesa a redução de horas de disciplinas “não estruturantes” como a História e Geografia.
Como penso que é o facto histórico, contextualizado nos seus diversos contextos, entre os quais os geográficos, que estrutura valores de identidade, tolerância e cidadania como cortar tempo a essas disciplinas?
O certo é que o baixo nível de horas atribuídas à História compromete a sua função de desenvolvimento não só de pesquisa e tratamento de fontes, contextualização e comunicação histórica, mas também, de formação de valores.
A falta de tempos apropriados leva, por vezes, a uma manta de retalhos mais parecido com o tratamento de temas soltos do que com a reflexão sistemática do evoluir histórico. Para um trabalho sério, seria necessário mais horas e não menos. Aqui os pressupostos economicistas imperam claramente.
Que me resta senão repetir o preâmbulo do blogue “A Formiga”?
Como considera Maria do Céu Roldão “o aluno que não gosta (de História) perde, por isso, não só a oportunidade de aprender bem e agradavelmente, mas perde mais do que isso, (…) perde uma das possibilidades mais ricas e gratificantes de se entender como pessoa, de compreender a sociedade que é a sua no contexto multifacetado do mundo do seu tempo; de se posicionar com uma atitude crítica, curiosa e interessada face ao devir em que participa; perde alguma coisa essencial, não só à sua formação pessoal, mas também ao prazer de viver compreendendo”.
Relembro, ainda, Nuno Crato em “O Eduquês” ( p. 118), que refere: “ é indispensável a concentração nas matemáticas e temas essenciais, de que são exemplo a Matemática e o Português, a História, a Geografia e as Ciências”
Sr. Ministro, porque voltou atrás?