quinta-feira, 17 de maio de 2012

Ao meu filho



Ao meu filho


És o A e o Z

.
A água que me sacia


A brisa que me fustiga


O pão que me traz viva.


A sinfonia que se extasia!


Quereria ser barco,


Bússola ou astrolábio


E ver-te sempre


Em direção à foz!

A propósito de Miguel Portas

Chegou-me um mail com um texto inquietante, que eu não nunca conseguiria

escrever:
*"Os filhos são um empréstimo de Deus".*

*Depois da missa de ontem o meu coração serenou. Fiz tudo quanto o Miguel
pediu antes de morrer. Acabei como devia, entregando-o nas mãos de quem mo
emprestou. Amanhã ele faria 54 anos.*

*Hoje recomecei, mansinho, a trabalhar. Como ele desejaria. Mais uma vez em
sua homenagem. Aquela que só uma mãe pode dar.
Porque a vida continua e, felizmente, ainda tenho vivos de quem me ocupar."*
Helena Sacadura Cabral, Fio de Prumo

Aa propósito deste tema, lembraram-me um pensamento de José Saramago:
*“Filho é um ser que nos emprestaram para um curso intensivo de como*
*amar alguém além de nós mesmos, de como mudar os nossos piores defeitos
para darmos melhores exemplos e de aprendermos a ter coragem.*

*Isso mesmo! Ser pai ou mãe é o maior ato de coragem que alguém pode ter,
porque é expor-se a todo o tipo de dor, principalmente da incerteza de
estar a agir corretamente e do medo de perder algo tão amado.*
*Perder? Como? Não é nosso, recordam-se?"*


Compreendo tão bem estas palavras!

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Bolo da Europa







Receita


Quatro colheres de sopa de açúcar mascavado que simboliza a intermulticulturalidade europeia; 220g de manteiga derretida, simbolizando a fragilidade dos povos mais desprotegidos que devem ser tratados com cuidado; 4 colheres de sopa de mel que simboliza a solidariedade europeia dos mais fortes para com os mais fracos; três ovos que representam a igualdade dos cidadãos perante a lei, gema ou clara, todos importantes para o produto final; três colheres de sopa de conhaque que simboliza a diversidade que compõe a Europa atual; uma chávena bem cheia de corintos e sultanas que simbolizam as memórias milenárias da cultura europeia ligada ao vinho e ao pão, base da vida; uma chávena bem cheia de farinha de trigo, branca como a Paz que a Europa quer instituir e tal como o vinho base da vida e princípio de união dos ingredientes; 200 gramas de nozes de Melres que aqui simbolizam a identidade nacional a preservar. Junta-se a tudo, uma colher de chá de fermento acelerador do processo europeu.

Bate-se a fragilidade com a intermulticulturalidade e solidariedade europeia: junta-se a diversidade e bate-se mais algum tempo. Acrescenta-se Paz e a União dos povos bem peneirada, bem como a levedura, as memórias milenárias e a identidade nacional bem triturada. Deita-se a massa obtida dentro de uma forma untada com cuidado, de maneira livre mas consciente da fragilidade de tal operação, para que nada se estrague. Vai ao forno já aquecido a desenvolver uma Europa responsável para as nações futuras e para com a Terra, capaz de prosseguir a grande aventura que faz dela um espaço privilegiado de esperança humana.