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quinta-feira, 27 de agosto de 2020

Como ensinar usando uma máscara

 

Como ensinar usando uma máscara

                                                                    por Justin Whitaker, agosto, 2020

 

Os professores devem estar conscientes da sua voz. instrutores que ensinam usando uma máscara devem estar cientes de sua voz .

Pode ser difícil falar através de uma máscara por longos períodos de tempo, já que esta pode abafar as palavras do emissor e impedir que o recetor veja as expressões faciais.

Eis, então, as dicas de três especialistas:  

 


Estar ciente da sua voz e da sua linguagem corporal.

Como uma máscara pode abafar o som e tornar difícil para o ouvinte ler as expressões faciais, os professores devem aumentar o volume da voz e falar o mais devagar possível para permitir um maior entendimento do discurso.   

O tom também é muito importante para ajudar a transmitir uma mensagem.

Lipschultz dá especial atenção à respiração, defendendo que os professores precisam de se controlar e respirar de forma correta de forma a falar com clareza. "Aquecer a voz e treinar a respiração antes da aula", é importante, refere.

Uma linguagem corporal expressiva ajuda a uma melhoria de comunicação com os alunos.

"Tudo o puder fazer para convencer os seus alunos de que está presente e pronto para os ajudar a aprender, relacionando-se com eles, pode ajudar muito", refre Anusha S. Rao, diretora assistente do Centro de Ensino e Aprendizagem da IUPUI .

 

 Acrescenta, ainda que os professores devem fazer pausas para se certificarem de que os alunos estão a conseguir ouvi-lo corretamente, ou se devem repetir alguma coisa.

Nas aulas não presenciais, o feedback frequente é muito importante, assim a criação de conexões com os alunos

Devido aos ambientes de aprendizagem em que nos encontramos, promover um diálogo aberto com os alunos proporcionará uma melhor compreensão da sua assimilação e ajudará os professores a refinar os seus próprios métodos de ensino.

Os professores devem aproveitar as oportunidades para se interrelacionarem com os seus alunos. Rao sugeriu gravar um vídeo de introdução pessoal para se dar a conhecer a próprio e levar os alunos a sentirem-se confortáveis ​​antes de começar a aula.

Dependendo do formato da aula, uma forma de interação com os alunos poderia incluir a sugestão aos alunos para que  também fizessem um vídeo de introdução.

Com tanta diversidade de alunos, Randy Newbrough, gerente de consultoria em tecnologia para o ensino e aprendizagem, recomenda definir expectativas claras e definir ferramentas de comunicação desde o início para que todos estejam no mesmo pé.

Alguns professores passaram a ter "horas de estudante" em vez de horas de expediente para promover uma atmosfera mais acolhedora.

“Crie momentos e oportunidades para que os alunos se sintam à vontade para pedir ajuda”, disse Rao.


A flexibilidade deve ser uma regra, neste novo ambiente de aprendizagem para alunos, funcionários e professores.  Os especialistas concordam que é importante mostrar paciência para com os outros e dar graças a si mesmo. "Não fique frustrado com o que costumava vir como uma segunda natureza", disse Lipschultz. "A comunicação é importante nesta época, talvez mais do que nunca." Uma pesquisa de classe, depois de algumas semanas ou no meio do semestre, pode ajudar os professores a redefinir os seus métodos, se necessário, e compreender melhor a adaptação dos alunos ao novo ambiente de aprendizagem.

Os professores confessaram não querer mostrar-se com falta de preparação ou incomodados, na frente de seus alunos. Desde março, todos os centros de ensino e aprendizagem da IU realizaram mais de 2.000 sessões de consulta individual com professores que se estão preparando incansavelmente para este semestre. "Todos são muito dedicados e têm trabalhado muito para tornar esta experiência o melhor possível para os alunos", disse Newbrough, que também é diretor assistente do Centro de Ensino e Aprendizagem da IUPUI. Arquivado em: Campus LifeCollege of Arts and SciencesCoronavirusFaculdade e equipeSaúde e bem-estarInside IU BloomingtonInside IUPUI

 

https://news.iu.edu/stories/2020/08/iupui/inside/17-tips-for-instructors-professors-teaching-with-masks.html

 


quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Como ensinar no século XXI quando nos tiram horas?

Como ensinar hoje, neste século XXI?



Segundo Ausubel, o método expositivo é o melhor processo de ensino, já que o raciocínio indutivo e o método da descoberta, também eficazes, não podem ser sempre utilizados, porque exigem tempo que num sistema de ensino marcado pela pouca flexibilidade, rareia Desta forma, o método expositivo é encarado como um processo viável.
No entanto, o método preconizado por Ausubel parte de determinados princípios que determinam a actividade dos alunos.
Assim, o ensino deve partir de uma avaliação diagnóstica, para que possa ser adaptado à estrutura cognitiva preexistente no aluno. Segundo Ausubel os saberes preexistentes funcionam de ancoradores para outras aprendizagens. Desta forma, a aprendizagem tem que ser significativa. Devem existir, por outro lado, organizadores de ancoragem avançados ou índices de organização ou seja, uma comunicação introdutória da competência a adquirir. Segundo Antoine de La Garanderie é necessário que seja dito ao aluno que deve estar atento ao que se diz para no fim do discurso ele o possa reproduzir por palavras suas, fazer um trabalho escrito, responder a um questionário ou coisa do género. Este instrumento funciona como o verdadeiro meio de compreensão.[1]
Sobre este assunto, o autor acima citado defende: “Os alunos assim aconselhados, não podem mais cair no erro dum esforço voluntário falhado. Com efeito, os alunos terão na sua consciência o objectivo de reencontrar o discurso do professor, o que constitui a verdadeira finalidade da atitude de atenção. Nesse momento, graças a uma boa orientação, os alunos estarão à vontade para bem dirigir o seu esforço”[2]
Efectivamente este método não tem nada a ver com a memorização maquinal ou o decorar. O aluno tenta reter a ideia relacionando-a com os conhecimentos já adquiridos e procurando o seu sentido realiza, desta forma, uma aprendizagem inteligente.
Assim, “a aprendizagem receptiva - imitativa é uma reconstrução mental de um modelo, que se efectua no seio de uma interacção contextualizada entre o professor e o aluno.”
Este processo, além da motivação compreende a atenção; retenção e a reprodução.
Desta forma, é importante que o professor preveja diversos feed-backs ao longo da aula, para adaptar o seu discurso às características de descodificação dos alunos. Este factor leva-nos, então, a considerar a necessidade de diversas motivações ao longo da aula, a existência de um clima de à-vontade suficiente para que os alunos possam interromper regradamente o professor bem como uma constante interactividade.
Vigotsky chama a atenção para o facto do conhecimento dever estar na zona de desenvolvimento próximo, para que não seja absolutamente rejeitado pelo aluno.
Outros autores enfatizam a necessidade do professor conhecer os pré-conceitos, uns certamente mais próximos dos valores e difíceis de mudar, outros meros “ouvir dizer”, por isso facilmente desconstrutíveis, para que o aluno possa chegar ao verdadeiro conhecimento. Este pode ser um problema central em alguns meios e pressupõe o conhecimento prévio do pensamento dos alunos e famílias.

A exposição – um método entre vários
Na verdade, a Exposição vem completar, de forma inteligente, o método de pesquisa e descoberta. É fundamental nas fases de apresentação, síntese e estruturação do saber.
No entanto, é preciso completar a informação verbal com outros suportes.
Hoje o método expositivo tem que ter em conta determinados factores sem os quais corre o risco de provocar a desmotivação e o aborrecimento por parte dos alunos.
A exposição, bem como qualquer actividade pedagógica deve pressupor, segundo João Amado  “o diálogo; a criação de situações de autonomia e de livre iniciativa; a formulação de objectivos pessoais e colectivos; a formulação colectiva e aplicação responsável de estratégias de auto-controlo, auto-avaliação e auto-reforço.”, caso contrário pode sobreviver o desinteresse dos alunos.[3]
A exposição deve ser clara, interessante e facilmente descodificável pelos alunos. A
utilização de recursos variados desde o mapa e cronologia para localização do acontecimento histórico e treino da competência de espacialidade e temporalidade, passando por  documentos de vários tipos desde escritos, iconográficos; materiais; áudio e vídeo que amenizarão a aula e possibilitarão o trabalho das competências essenciais da História, ajudarão a tornar a aula atraente e evitar a indisciplina.
Assim, a exposição deve, ainda, ser organizada tendo em linha de conta os interesses, a cultura, o nível etário e psicológico dos alunos
Efectivamente, a Psicologia ensina que a forma como o indivíduo encara o meio sofre modificações ao longo da sua vida.
Segundo Piaget, no 1º ciclo, o meio funciona como projecção do seu mundo interior: o real é concebido em termos afectivos muito simples, através de oposições binárias: bons/maus; triste/contente. O passado não é visto ainda em termos de tempo mas sim como cenário de histórias nas quais projecta o seu mundo interior.
 A exposição, nesta fase, terá que ser baseada em narrações voltadas para a aventura e o pormenor, capazes de suscitar o processo de identificação do aluno. 
No final do 1º ciclo, início do 2º,  a perspectiva do real modifica-se, o decréscimo do egocentrismo é acompanhado de uma crescente objectivação do mundo que se procura conhecer em pormenor e em extensão. A curiosidade só fica satisfeita quando a informação é exaustiva e é direccionada para os limites máximos e mínimos (o maior, o menor....). 
A acção e a aventura continuam a ser os grandes códigos de leitura da realidade passada.
Há o fascínio pelas colecções e pelo desconhecido, pelo distante, no espaço e no tempo, pelo exótico e pelo mágico. No entanto, é apenas capaz de compreender sequências temporais curtas que necessita de rechear de histórias.
 Se os alunos a nível do 2º ciclo se ligam à fase piagetiana das operações concretas e no 3º ciclo, se encontram já na génese ou estrutura das operações formais (11 aos 14 e dos 13 aos 16), todos eles ainda se ligam muito ao concreto.
Torna-se, então, fundamental, em todo o ensino básico, trabalhar os conteúdos de forma a torná-los vivos e concretos. Se nos remetermos para abstrações que decepcionam e desinteressam os alunos, sobreviverá o fracasso.  
 Ao longo do 2º e 3º ciclo as técnicas de trabalho mais eficazes terão que equacionar o envolvimento emocional e a chamada de atenção às mudanças, conflitos e descobertas.
Pode ser estimulada a capacidade investigativa na procura de elementos que enriqueçam os conhecimentos duma época, facto, personagem, mas não deve, ainda usar-se o método científico com todas as suas etapas e exigências de tipo cognitivo, já que o aluno não possui ainda os instrumentos mentais necessários à sua compreensão.

Durante o 3º ciclo, o aluno adquire a capacidade de interpretar, organizar e estruturar os elementos que foram apreendidos anteriormente de forma descritiva, factual, personalizada e múltipla. A pouco e pouco, irá estruturando um sistema lógico, formal e abstracto da compreensão do real que será quanto mais sólido quanto mais rico tiver sido o caminho anterior.  
 Nesta fase, as interpretações e teorias ainda são absolutas. No entanto, o aluno deve ser estimulado para a abertura a diversas perspectivas, à tolerância, à concepção do carácter relativo e provisório do conhecimento, e do saber como um questionamento nunca terminado. No final do secundário estas atitudes poderão já ter sido estruturadas.
Efectivamente, só no final do 3º ciclo e início do secundário, o aluno é capaz de abordar criticamente a realidade e então requestionar os factos já sabidos numa abordagem diferente. É, então, capaz de pôr em prática o método científico de forma entusiasmada e aliciante.
Ao longo deste processo, a utilização de métodos activos, favorecendo a expressão e a troca de opiniões, a relativização dos conhecimentos, o investimento na tomada de consciência das capacidades, favorece o acesso ao pensamento formal em oposição aos ambientes educativos dogmáticos e autoritários.
A abordagem dos conteúdos a partir das vivências do aluno e do meio no qual se movem, impõe-se, então, como fundamental à aprendizagem em qualquer idade.
 Aquela poderá começar por uma exposição baseada em relatos recheados de peripécias onde os bons se movimentam contra os maus e acabar por ser a concretização de um projecto de investigação. 
Por outro lado, ainda, cada indivíduo sente, hoje em dia, a angústia da procura de uma identidade pessoal, aspecto único e irrepetível da sua liberdade, cada vez mais restringida por comportamentos e normas de massa. Interroga-se, então, sobre si próprio, na busca das raízes que o justifiquem e o liguem a algum processo integrador – quem sou? De onde venho?
Sociedades e nações atravessam, também, uma crise de valores.
 Este problema coloca-se hoje com a maior acuidade já que a cultura portuguesa sofre com mais intensidade o fenómeno de aculturação provocada, quer pela globalização da sociedade, quer pela integração europeia.
A sociedade actual experimenta o vazio inerente à  perda ou enfraquecimento de rituais – dos religiosos aos familiares – que integravam naturalmente o indivíduo no colectivo, concebido como uma identidade herdade e que era necessário projectar através do tempo.
 O recurso ao meio como factor configurador do currículo funciona como um trabalho  capaz de projectar ou sublimar necessidades deste tipo, nem sempre consciencializadas ao nível racional.
 Impõe-se, então, a necessidade de realçar os temas capazes de inculcarem  sentimentos de integração e identidade.
O tema do património surge, então, hoje como uma problemática que exige da escola uma resposta adequada e um tratamento pedagógico didáctico que motive os alunos para o estudo das realidades capazes de formarem atitudes de cidadania que se traduzam na defesa e preservação do que constitui parte integrante e significativa do percurso temporal da sociedade em que se inserem.
 Torna-se fundamental encarar os bens patrimoniais na sua vertente histórico-cultural, natural, física e biológica, como veículo de desenvolvimento cultural e despertar a sensibilidade para a sua fruição como indicador da qualidade de vida das populações, já que constituem suportes da memória colectiva, quadro de referência e de valores.
Neste contexto, podemos afirmar que a natureza e a cultura do aluno foi respeitada.
Resta esperar que o aluno se entusiasme e aprenda a conhecer o que o envolve e o identifica. Será um passo para amar o que o rodeia e daí partir para aprendizagens mais generalistas.


[1] . La Garanderie, Antoine de,  Pedagogia dos Processos de Aprendizagem, Ed. Asa, p.. 39
[2] .  idem, ibidem
[3] . Amado, João da Silva, A construção da disciplina na escola – Suportes teóricos práticos,  Cadernos investigação e práticas, CRIAPASA, Porto , 2001, p. 16.

Conclusão
Se já não é defensável a panaceia da investigação como a base de toda a motivação, torna-se fundamental a exposição clara e bem feita, baseada naquilo que o aluno conhece bem e motivadora de uma atitude activa por parte do aluno capaz mesmo de o levar a mudar os seus pontos de vista iniciais.
Hoje o método expositivo mantém toda a sua validade, no entanto torna-se cada vez mais necessário não utilizar permanentemente as mesmas metodologias, já que num mundo em mudança o que cativa é o que aparece como novidade. Desta forma o professor tem de partir das características dos alunos e investir de forma criativa na variedade e no inesperado, nas tecnologias, não esquecendo, no entanto de explicitar sempre de forma clara e concreta o problema a trabalhar; a tarefa a realizar bem como os objectivos que se pretendem alcançar.
Torna-se, também importante sublinhar o discurso com o registo no quadro das suas ideias essenciais. Efectivamente, há que ter em linha de conta a rapidez deste método. A palavra é pronunciada com rapidez, a mente assimila as ideias com facilidade, mas o que é óbvio num momento pode ser esquecido de seguida se não for registado no caderno. E uma imagem vale por mil palavras, já lá dizia Santo Agostinho.
Inculcar no aluno o hábito de tirar apontamentos durante a explicação é motivar a participação do aluno, estimular a sua capacidade de análise, de crítica, de síntese bem como a expressão escrita do compreendido. Desta forma, de maneira nenhuma se deve desprezar a prática destas competências de compreensão e comunicação, essenciais no ensino da História e transversais no ensino básico e de forma nenhuma se deve confundir este método  com o ditado de apontamentos que determinará a mera acumulação de dados.
Por fim, resta sublinhar que para que haja ensino - aprendizagem  é necessário que o professor goste do que ensina e reflicta na maneira mais adequada aos alunos, que deve conhecer bem, e à melhor forma de dos levar a apreender os conteúdos em causa.