Hoje lembrei-me da minha mãe, como sempre acontece todos os 19 de novembro e afinal, todos os dias. No entanto, lembrei-me hoje através de Nuno Higino que, no dia 14 de novembro, dia do patrono Júlio Dinis, foi à minha escola. Tive o privilégio de uma colega do grupo de Português me convidar para levar uma das minhas turmas à admirável palestra, como todas as outras às quais já tinha assistido.Parabéns pela iniciativa. Obrigada grupo de Português. Obrigada Nuno Higino
O coração divisível das mães
“As mães são as mais altas coisas
que os filhos
criam…
Helberto Helder
O coração divisível das mães
“O olho imperturbável da noite vigia o sono leve das mães
e elas
Sonham uma flor solitária; uma escarpa de chuva
Precipita-se no coração florido das mães; a mão divisível
das mães
Dobra cada recanto da casa, cresce como uma escarpa
De chuva sobre a música aflita dos filhos; a mão roda a
corda
Dos filhos e a noite vigia o sono leve das mães.
As mães dormem com o sono tatuado nos dedos, dormem
De frente para a parede branca dos filhos: sentem os
dedos deslizar,
O lápis dos dedos
a deslizar sobre a superfície
branca da alma.
A mãe dos filhos é um diadema sobre o coração divisível
das mães, um diadema estelar para a floração imprevisível
das noites. As mães erguem-se na noite e descem a escarpa
dos filhos, aconchegam –lhes ao rosto o lençol da insónia
e regressam
ao casulo imperturbável do sonho, ao olhar solitário da
noite.
Mãe, Nuno Higino