Maria de Lourdes Pintasilgo nasceu a 18 de
janeiro de 1930. Licenciada em engenharia químico-industrial, foi presidente da
Juventude Universitária Católica Feminina (JUCF). Foi investigadora na Junta de
Energia Nuclear, em 1954 tornou-se a primeira mulher com o cargo de chefe de
serviço no Departamento de Investigação e Desenvolvimento da CUF.
Integrada no movimento católico
“progressista” foi uma voz crítica contra as políticas do Estado Novo.
Depois do 25 de Abril, ocupou cargos
governamentais e liderou organizações internacionais. Veio a ser a primeira
mulher que em Portugal ascendeu ao cargo de ministra, tendo criado a Comissão
da Condição Feminina. Em 1979 foi
nomeada primeira ministra do V Governo Constitucional – um “governo de cem
dias”, como a própria o designou, destinado a preparar eleições legislativas.
Em 1986 candidatou-se a Presidente da
República. Na campanha percorreu todo o país, suscitando grande entusiasmo e
uma adesão massiva, que, surpreendentemente, não viria a traduzir-se nos votos.
Sempre defendeu os movimentos de mulheres
que lutassem pela emancipação, não só das mulheres, mas que “gerassem” uma
sociedade na qual as mulheres tivessem poder para tornar o mundo num local
melhor para todos: “(…) a presença das mulheres no poder deve traduzir-se numa
melhoria das condições de vida dos seres humanos” defenderá.
Pessoalmente, lembro com saudade as sessões
de trabalho no Liceu Camões, nas quais estava em cima da mesa a reflexão sobre
a responsabilidade pelo outro, pelo que nos rodeia, por nós próprios, de forma
a preencher o vazio moral e a perda de valores que a supremacia tecnológica tem
feito recair sobre a humanidade em geral ou o entusiasmo com que acreditei que
estava a trabalhar para que fosse eleita Presidente da República.