Parlamento recomenda
classificação da obra de Zeca Afonso
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por Notícias de Coimbra
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Julho 19, 2019
O parlamento aprovou hoje o Projeto de
Resolução do Partido Comunista Português (PCP) que recomenda ao Governo a
classificação da obra do músico José Afonso como de interesse nacional com
vista à sua reedição e divulgação.
A resolução foi aprovada com a abstenção do Partido Socialista (PS), com exceção do deputado daquele partido Ascenso Simões, que votou favoravelmente ao lado de todos os outros partidos.
Quer o PS quer o Partido Social
Democrata (PSD) e a deputada socialista Edite Estrela manifestaram intenção de
apresentar uma declaração de voto sobre este assunto.
No documento, que recorda que a
Associação José Afonso (AJA) recentemente lançou uma petição com este mesmo
objetivo (que hoje conta com mais de 11 mil assinaturas), o grupo parlamentar
do PCP defende “que é urgente preservar e divulgar a obra de José Afonso,
permitindo o seu acesso a todos, pelo que considera que o Governo deve envidar
todos os esforços para recuperar toda a obra do músico, tendo em vista a sua reedição”.
Esta semana, questionado pela Lusa sobre
este assunto, o Ministério da Cultura, através de fonte oficial, afirmou que
“reconhece a importância da obra de Zeca Afonso e está a articular e a
desenvolver diligências com o representante dos herdeiros de Zeca Afonso para
encontrar formas de localizar e preservar os ‘masters’”.
“O Ministério da Cultura já [se] reuniu
com os herdeiros e qualquer diligência futura tem que ser adotada pelos
herdeiros, em articulação com o Ministério da Cultura”, acrescentou ainda a
tutela.
Os deputados comunistas lembram que se
vão cumprir 90 anos do nascimento do autor de “Grândola, Vila Morena” no dia 02
de agosto e que urge classificar “a obra de José Afonso como de interesse
nacional”, bem como avançar com o “desenvolvimento das diligências necessárias
para recuperar toda a obra do músico, tendo em vista a sua reedição e
divulgação”.
Em junho, aquando do lançamento da
petição pela AJA, o presidente desta estrutura, Francisco Fanhais, salientava
que se estava perante “um imbróglio jurídico, porque a Movieplay [editora que
detém os direitos comerciais da obra de José Afonso] está em situação de
insolvência e não se sabe do paradeiro dos ‘masters’ das músicas gravadas pelo
Zeca Afonso”, o que compromete a reedição destes trabalhos.
Apesar de já ter havido contactos com o
Ministério da Cultura, com a atual ministra e com o antecessor, a AJA decidiu
lançar a petição com o objetivo de acelerar este processo de classificação da
obra de José Afonso – que considera ser “referência maior da cultura musical
portuguesa” -, com vista à sua proteção através de uma “especial tutela do
Estado”.
Figura maior da cultura portuguesa, como
o define o PCP, José Manuel Cerqueira Afonso dos Santos nasceu em 02 de agosto
de 1929 em Aveiro e começou a cantar enquanto estudante em Coimbra.
“Em 1953, são editados os seus primeiros
discos, ambos de 78 rotações e gravados no Emissor Regional de Coimbra da
Emissora Nacional, com fados de Coimbra. Foram então editados pela Alvorada,
não existindo hoje exemplares”, sublinha o partido.
No final da década de 1960 assina
contrato com a Orfeu, pela qual edita a maior parte da sua obra: “Cantares do
Andarilho”, “Contos Velhos Rumos Novos”, “Traz Outro Amigo Também”, “Cantigas
do Maio”, “Eu Vou Ser Como a Toupeira”, “Venham Mais Cinco”, “Coro dos
Tribunais”, “Com as Minhas Tamanquinhas”, “Enquanto Há Força” e “Fura Fura”.
José Afonso morreu no dia 23 de
fevereiro de 1987, em Setúbal, de esclerose lateral amiotrófica, diagnosticada
em 1982.
https://www.noticiasdecoimbra.pt/parlamento-recomenda-classificacao-da-obra-de-zeca-afonso/