Bom
S. João!
As
festas de Solstício vêm de longa data na história da humanidade. Ligam-se aos
rituais e passagem, sempre temidos, e por isso sempre apaziguados com fogo,
água, sons e plantas. Com o passar do tempo e a cristianização dos povos que
ocupavam o espaço europeu, os rituais ganharam um cunho religioso, ligando-se a
santos. S. João é um dos mais populares.
As
fogueiras, por exemplo, passaram a simbolizar a forma como Isabel, mãe de João Batista, anuncia a Maria, o
nascimento do filho que batizaria Jesus. As bandeirinhas podem ser versões
coloridas e menores das grandes bandeiras de Santo António, S. João e S. Pedro.
Os balões seriam lançados para anunciar o início da festa.
As
festividades do solstício ou S. João existem, por exemplo, na Alemanha, Dinamarca,
Espanha, Estónia, França, Gécia, Irlanda, Polónia, Portugal, Suécia, assim como
também na Rússia, Ucrânia e regiões vizinhas.
Na
Alemanha, na celebração de S. João, ou “sommersonnenwende” há danças à volta de
uma fogueira e o lançamento de flores e ervas aos lagos, num ritual de boas
vindas à nova estação.
Na
Dinamarca, a “sankthansaften” ou
“véspera de S. João” comemora-se com
fogueiras , piqueniques e canções tradicionais.
Em
tempos passsados, acreditava-se que os
espíritos bons e maus sobrevoavam os campos nessa noite, pelo que as fogueiras
acesas pretendiam afastá-los. Em épocas
intransigentes, muitas muheres tidas como bruxas foram queimadas nessas
fogueiras.Na atualidade, há uma fogueira em cada bairro de Copenhaga e uma
bruxinha hasteada, aludindo a esse costume.
Na
Estónia, além da herança pré-cristã , há a comemoração da liberdade e
independência, já que uma das batalhas da Guerra da Independência do país ocorreu
a 23 de junho de 1919, na qual os estonianos venceram as tropas alemãs. Por isso, nesse país, a fogueira principal é acesa pelo
presidente do país e é a partir da “chama da independência” que se acendem
tochas para atear outras fogueiras. Há
também o costume de saltar fogueiras e
falar de amor. Aqui, um conto tradicional
conta a história de dois apaixonados, Koit e Hämarik, que só se veem uma
vez por ano, nessa noite mais curta do ano.
A
Espanha também comemora o S. João com fogueiras, convívio e comida típica.
Na
Finlândia a “juhannus” ou “pleno verão”,
famoso sol da meia-noite, é comemorado
com fogueiras junto dos lagos e rios.
Na
França, a festa de S. João é festejada com danças e fogueiras.
Na
Noruega (espaço Schengen) a “Sankthans”
é comemorada com comida típica e uma grande fogueira.
Na Polónia, a “noc
swietojanska”, noite de S. João, antiga “Noc Kupały”, “noite de verão” é
festejada pelas pessoas que desejam sorte umas às outras, atiram cartas de amor
sobre as águas dos rios e saltam fogueiras. Hoje a nota dominante é o convívio a
ver os fogos de artifício e a ouvir música.
Na Rússia (que não pertence à U. E.) e países vizinhos, a “Ivan Kupala”, que
significa “João Batista” é também celebrada atirando flores aos lagos e com
muitas brincadeiras ligadas à água.
Na
Suécia, na “Midsommar” , as pessoas
dançam em redor de um pilar cheio de folhas e flores, havendo comida típica que
inclui: peixe, batatas e morangos.
Em
Portugal, O S. João é celebrado em diversas regiões, com destaque para Porto e Braga.
S.
João do Porto
No
Porto destaca-se o dar a cheirar ervas
aromáticas com principalmente a cidreira, costume ligado a antigos rituais de
fertilidade. Em Braga, a Dança dos Pastores e a Dança do Rei David impunha-se,
assim como em Sobrado, Valongo, a dança dos Bugios e Mourisqueieiros (Bugiadas).
Nos
Açores, esta festa reveste particular brilho em Angra do Heroísmo, na ilha
Terceira, com desfiles, marchas, carros
alegóricos, danças e bailes.
A
primeira referência aos festejos sanjoaninos remonta ao século XIV já que Fernão Lopes se refere a esta
festa.
Embora
muitas tradições já se tenham perdido, no Dia de São João, virtudes e poderes
especiais estão associados ao fogo, ao orvalho, à água das fontes, dos rios e
do mar, às ervas, às plantas e até mesmo ao Sol.
Segundo
Germano da Silva, o manjerico, o alho-porro, os cravos e a erva-cidreira
possuem, no entender do povo, virtudes específicas, provenientes do orvalho,
associadas por exemplo a amores felizes ou casamento próximo.
O
alho porro estará, segundo alguns estudiosos ligados ao culto fálico e o balão
ao culto solar.
Ruas
ornamentadas e iluminadas, arraiais, danças, músicas, jogos e desfiles
alegravam a cidade, durante as Festas de Verão, que eram animadas pelo Clube
dos Girondinos e Clube dos Fenianos, entre outras entidades. Nestas festas, a
cidade engalanava-se, tal como no Carnaval, atraindo muita gente.
Foi
no século XIX que apareceram as primeiras cascatas no Porto. De acordo com o
historiador Hélder Pacheco, “o pai e a mãe das cascatas foram os presépios, que
surgiram em Portugal nos finais do século XVIII”. Segundo ele, os presépios
eram transformados, substituindo-se a Sagrada Família e os reis magos pelos
santos populares. (Helder Pacheco: 2004) Porto - O Livro do S. João
O
martelinho foi Inventado pelo industrial portuense Manuel Boaventura e
oferecido aos estudantes da Queima das Fitas de 1963, tornando-se um sucesso.
Os comerciantes do Porto viram nestes "martelos musicais"
potencialidades para a festa de São João, até porque um ritual de passagem que
se preze, como este, que em tempos antigos celebrava a transição do equinócio
para o solstício, tinha que ter fogo, ruído e água.
A
primeira referência aos festejos sanjoaninos remonta ao século XIV já que Fernão Lopes se refere a esta
festa.
Em
1851, os jornais relatavam a presença de cerca de 25 mil pessoas nos festejos
sanjoaninos entre os Clérigos e a Rua de Santo António.
1910,
um concurso hípico integrado nos festejos motivou a presença do infante D.
Afonso, tio do rei (a revolução republicana apenas se daria em Outubro).
Nesta
festa, destacam-se os alhos porros para bater na cabeça de quem passa, saltos à
fogueira, manjericos com quadras, lançamento de balões de ar quente e enfeites
coloridos. A partir de em 1963, os martelinhos impuseram-se.
Bibliografia/Webgrafia:
Helder
Pacheco. 2004. Porto- O Livro do S. João. Edições Afrontamento
Webgrafia.
Germano
Silva, Porto do Germano: Os rituais do São João. Disponível em https://www.jn.pt/4843057773/porto-do-germano-os-rituais-do-sao-joao/.
Consultado: 20 junho, 2023 às 15:00.
https://www.awebic.com/sao-joao-em-outros-paises/
Bispo luterano abençoa a “chama da
independência”. Foto: Ardi Hallismaa/Forças Armadas da Estônia.
https://veronicandrade.wordpress.com/tag/sao-joao-na-dinamarca/
https://www.360meridianos.com/especial/sao-joao-espanha
https://buencamino.com.br/2021/06/23/sao-joao-na-galicia/
http://farofadbatata.blogspot.com/2009/06/festa-junina-polonia-despois-de-tantos.html
viajandonotempo -
https://viajandonotempo.blogs.sapo.pt/20151.html
https://www.oportoencanta.com/2015/06/uma-cascata-de-sao-joao-com-mais-de-40
anos.
Germano Silva, Porto do Germano: Os rituais do
São João, 20 junho, 2023 às 15:00, https://www.jn.pt/4843057773/porto-do-germano-os-rituais-do-sao-joao/