Em tempos que já lá
vão
Gondomar à beira
rio
Era um vale encantado
Por homens e animais
Um tesouro considerado.
No rio pescavam sável
E ainda muita lampreia
A remar um barco hábil
Faziam ouro da areia.
Nos montes pastava o gado
Que de erva se alimentava
As peles e carnes tenras
A toda a gente animava.
Assim, esta terra linda
Pelos Romanos foi cobiçada
À procura do seu ouro
Tornaram-na esburacada.
Como tinham que comer
Ensinaram a cultivar o chão
Para moer o louro trigo
Inventaram mós de mão.
Mas também os Visigodos
Aqui vieram parar
E é do seu rei
Gundemaro
Que vem o nome Gondomar
Depois chegaram os Árabes
Ferozes e de armas nos dentes
Também queriam os tesouros
E matar a fome às suas gentes.
Então houve uma batalha
Tão sangrenta e desmedida
Que o rio límpido e belo
Ficou tinto e sem vida.
Conta-se que nessa batalha
Uma princesa cristã
Procurando o irmão ferido
Encontrou uma alma irmã.
Era um árabe que gemia
E dele se apaixonou
O padre que a seguia
De Fernando o nomeou.
E então os namorados
Para viver o seu amor
Na serra se esconderam
Para à vida dar mais cor.
Ora, um dia, as saudades
De seu pai e seu irmão
Fizeram a princesa sair
Ao encontro de perdão.
Mas Fernando com ciúme
Só pensando em traição
Apunhalou o cunhado
Sem na cegueira ter
mão.
Esta longa e triste história
Esqueceu-a Gondomar
Reviveu-a , na memória
De uma cantiga a dançar.
Como a gente de Gondomar
Era trabalhadora e paciente
O rei D. Manuel deu-lhe
Uma Carta inteligente
De Foral assim chamada
Nela estavam traçados
Os direitos e os deveres
Que deviam ser respeitados.
E ai de quem não cumprisse
O que o rei ordenava
Era chamado à justiça
Prisão e multa apanhava.
Corajosos e aventureiros
Os gondomarenses
partiram
À procura de tesouros.
Muitas bandeiras serviram
E ainda, longe no tempo
Os Franceses nos invadiram
Queriam roubar riquezas
Os de cá os impediram.
Gondomar de novo em guerra
Por sangue irmão é tingido
D. Pedro luta pela liberdade
Contra D. Miguel temido.
A zanga foi tão grande
E a batalha feroz
Que ainda falam dela
Nossos pais e avós
Mas o Povo de Gondomar
Com tão longa e rica história
Aprendeu a trabalhar o ouro
A agricultura ontem e agora.
Com ricas árvores no
mato
Fez também marcenaria
No rio Douro a pescar
Tirou quantos peixes queria.
E, agora, depois do 25 de Abril
Em que ganhou liberdade
Não quer saber mais de guerras
Só a paz na sua cidade.