Abril tinha 3 D’s
Professor
25 ABRIL 2018 8:42
Para quem não
se lembra – e hoje é um bom dia para lembrar – o Movimento das Forças Armadas
traçou três objetivos à Revolução dos Cravos: Democratizar, Descolonizar e
Desenvolver.
A
Descolonização está nos livros de história, com os seus erros, tropeções e
equívocos. Um dia, esperemos, as gerações que por ela não passaram conseguirão
reencontrar na pátria da língua e da cultura mais o que as una do que o que as
separe.
A Democracia
está como Churchill nos disse que estaria: a pior forma de governo, à exceção
de todos os outros já experimentados ao longo da história.
Sendo meu dever
escrever aqui – vagamente, por vezes; bem sei, tenham lá paciência – sobre
Economia vou olhar especialmente para o D de Desenvolver. O desenvolvimento de
um País – como, aliás, a defesa da Democracia – são tarefas permanentes, em bom
rigor nunca terminadas.
Somos mais,
divorciamo-nos mais, temos 4 vezes mais idosos para cada jovem (e que desafio
isso nos traz).
Temos o dobro
das casas com água canalizada. Quase 100%, aliás.
Há cinco vezes
menos analfabetos, dez vezes mais alunos no ensino secundário, e mais de metade
dos doutorados são mulheres. Em 1974, elas eram cerca de 10%.
A mortalidade
infantil caiu do triplo da média europeia para um valor um pouco abaixo dessa
média.
Temos mais
médicos. Mais professores. Mais polícias. Melhor rede viária. E fizemos o
Alqueva. E ainda bem. Nem todas as ideias do Estado Novo eram más. Só a
esmagadora maioria.
Temos um
Serviço Nacional de Saúde que funciona mal, mas existe e é de nós todos e a
todos nos protege nos momentos de maior vulnerabilidade.
Temos um
sistema de Segurança Social imperfeito. Mas temo-lo. As reformas são baixas?
São, mas acodem a todos, e não só a alguns.
Em 44 anos de
Abril acertámos em muito e falhámos noutro tanto. Mas este País já não é
aquele. Nunca ninguém disse que cumprir Abril era tarefa só dos nossos pais e
avós. Não é. Onde eles falharam teremos nós de acertar. A responsabilidade é
nossa. E dos nossos filhos e filhas.
Temos um país
mais livre, mais justo, mais próximo do ideal de abril do que o país em que se
fez abril.
Mas abril fez-se – também – por esta razão: não se
aceita um país desigual, com demasiada pobreza, que falha muitas vezes aos mais
frágeis. E o nosso ainda é demasiado assim. Não é preciso, hoje, uma revolução
nas ruas. É preciso uma revolução em nós. Façamo-la.
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