27 de janeiro
Dia
Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto
O Holocausto foi a ação de extermínio em massa de cerca de seis milhões de judeus que ocorreu durante a 2º Guerra Mundial. Através de um plano macabro
e atentatório dos Direitos do Homem, Adolf Hitler foi responsável pela morte de
mais de um milhão de crianças, dois milhões de mulheres e três milhões de
homens judeus.
O texto seguinte constitui um testemunho, vivido na primeira
pessoa, de Ida Grinspan, uma jovem judia, que tinha 14 anos quando a sua vida se
cruzou com os planos de Hitler.
“Não sou vítima. Sobrevivi a Auschwitz”
Passava da meia-noite, de 30 para 31 de
janeiro de 1944, quando o barulho de uma travagem brusca a acordou. Ouviu
vozes. Três gendarmes franceses falavam com (…) a ama que a acolhera, para a
proteger dos bombardeamentos de Paris.
Transporte de judeus para Auschwitz, 1942
O texto seguinte constitui um
testemunho, vivido na primeira pessoa, de Ida Grinspan, uma jovem judia, que tinha 14 anos quando a sua vida se
cruzou com os planos de Hitler.
“Não
sou vítima. Sobrevivi a Auschwitz”
Passava
da meia-noite, de 30 para 31 de janeiro de 1944, quando o barulho de uma
travagem brusca a acordou. Ouviu vozes. Três gendarmes franceses falavam com
(…) a ama que a acolhera, para a proteger dos bombardeamentos de Paris.
-Sèvres foi levada para Paris e, de lá, para Drancy. Meteram-na num comboio.
Viajou durante três dias e três noites, sem comida nem espaço para as pernas,
apenas com um balde de água para dezenas de pessoas e uma latrina. “A água acabou e a latrina transbordou. O
cheiro era insuportável. Acreditou-se que pior não poderia ser”. Chegou (…) entre gritos ensurdecedores.
Juntou-se às mulheres que diziam não estar cansadas e entrou no campo, sem
saber que era vedado a menores de 16 anos (…).
“Puseram-me nua, à frente dos SS. Raparam-me
todos os pelos do corpo e tatuaram-me um número no braço esquerdo, depois de um
duche bem gelado, o único que tomei no campo”.
Ida entrou no barracão bem vestida, um
penteado à moda e saiu com um número, com uma estrela de David. “No espaço de
meio-dia, tudo desaba”. Mas não chorou. Mantinha a esperança de encontrar a
mãe, presa em julho de 1942.
Disseram-lhe que não teria de aguentar tanto
tempo. Falaram-lhe das câmaras de gás. Mas não acreditou. Ninguém acreditou.
Rapidamente perceberam. “Pelo cheiro a carne queimada (…)”.
Trabalhou 12 horas por dia, sete dias por
semana.
“Transportei pedras, um trabalho que não
servia para nada. Só para nos embrutecer. Éramos cinco numa cama. A manta era
curta demais e as da ponta tinham frio. Então a mais velha organizou tudo.
Todos os dias, uma diferente dormia no meio. A solidariedade não era a partilha
de pão, porque não o tínhamos. Eram estas coisas”.
Ida Grinspan saiu de Auschwitz a 18 de
janeiro de 1945 (…).Ela e outros prisioneiros caminharam durante três noites e
três dias, sem comida. Só neve, mal calçados, mas a bom passo, porque os russos
vinham mesmo atrás. “Ouvimos o assobio das balas. E víamos, no caminho, os
corpos abatidos. Sempre cinco a cinco (…)”.
Chegaram ao campo (…) tinha os pés gelados e
contraíra tifo (doença). De repente os alemães abandonaram o campo e, dia e meio
depois, os russos chegaram (…). Mais tarde, apareceram “três soldados
americanos lindíssimos”. Deram-lhe rebuçados, chocolate e pastilhas e partiram
(…).
“Quando regressei a Paris, tinha quase 17
anos. Não pude voltar à escola (…)”.
A guerra tinha acabado, mas foi difícil
recomeçar sem os pais (entretanto desaparecidos).
“Nem esquecimento nem perdão! Esquecer é
impossível (…). Algum SS pediu perdão? Alguma vítima perdoou? (…) Hoje, só
quero que saibam o que os homens puderam fazer a outros homens. Que saibam o
que se passou, que pode acontecer, que estejam atentos. A Alemanha perdeu a
guerra, mas o nazismo não morreu. As ideias nazis existem no Mundo inteiro”.
Inês
Rapazote e Gonçalo Rosa da Silva, “Testemunho de Ida Grinspan, vítima do
Holocausto”, 1944. Revista Visão Nº 1159, maio de 2015.
Inês Rapazote e
Gonçalo Rosa da Silva, “Testemunho de Ida Grinspan, vítima do Holocausto”,
1944. Revista Visão Nº 1159, maio de 2015.
1. O que mais te
impressionou no testemunho que acabaste de ler?
2. Lê a afirmação:
Hoje, só quero que
saibam o que os homens puderam fazer a outros homens. Que saibam o que se
passou, que pode acontecer, que estejam atentos,
2.1. Com base na
afirmação de Ida Grinspan, consideras que massacres como o do holocausto,
durante a 2ª Guerra, nunca mais acontecerão?
Para saberes mais…Vídeos
sobre o Holocausto:
Reportagem
RTP
https://www.youtube.com/watch?v=3pU3Kmqkfow
Reportagem SIC - 70 anos da Libertação
Auschwitz