quarta-feira, 29 de janeiro de 2025

Os Portíades

 

Os Portíades

1.

A fama dos Dragões assinalados

Que desta Mui Nobre, Invicta e Leal

Em estádios nunca antes disputados

Jogaram pr´a ganhar cada final,

Em torneios e jogos esforçados

Mais do que era sonhado em Portugal,

Entre gente remota conquistaram

Nova glória, que tanto sublimaram;

2.

E também as memórias gloriosas

De oitenta e sete, aí principiando

Nova Era, e as terras viciosas

Que de Espanha ao Japão foram domando,

E aqueles que por obras valerosas

Se vão da lei da Imprensa libertando,

Cantando espalharei por toda a parte,

Se a tanto me ajudar o engenho e arte.

3.

Cessem da pantera e mais felinos

As deambulações que fizeram;

Cale-se dos tais cinco violinos

A fama das vitórias que tiveram;

Que eu canto o peito ilustre dos meninos

A quem Manchester e Real obedeceram!

Cesse tudo o que Record e Bola contam,

Que outros valores mais alto se alevantam!

Tom Jobim

 

 

25 janeiro  de 1927, 8 dezembro de 1994 - Tom Jobim, o grande, que terá tido ascendentes em Jovim, Gondomar. Cadé eles?

 

https://www.youtube.com/watch?v=w73hEZKnDeA

 

Entre JOVIM e JOBIM há apenas uma troca de v por b. Um assunto a ver do Arquivo Distrital do Porto.

O trisavô paterno do compositor, José Martins da Cruz Jobim, era natural de Jovim, Gondomar, Portugal. O sobrenome de Jobim alude a essa localidade. A bisavó do compositor, Maria Joaquina, era meia-irmã do barão de Cambaí, Antônio Martins da Cruz Jobim. Era descendente, também, do bandeirante Fernão Dias Pais.

https://pt.wikipedia.org/wiki/Ant%C3%B4nio_Carlos_Jobim

 

Antônio Carlos Jobim nasceu na Rua Conde de Bonfim, 634, no bairro da Tijuca,[4] no Rio de Janeiro. Seu pai, Jorge de Oliveira Jobim (São Gabriel, Rio Grande do Sul; 1889–1935), foi escritor, diplomata, professor e jornalista. Ele veio de uma família proeminente, sendo sobrinho-neto de José Martins da Cruz Jobim,[5] senador, conselheiro particular e médico do imperador Dom Pedro II. Sua mãe, Nilza Brasileiro de Almeida (c. 1910–1989), era parcialmente descendente de indígenas do Nordeste do Brasil.[6] Brasileira de Almeida tinha apenas 16 anos quando deu à luz Antônio Carlos Jobim em sua casa na Tijuca, na Rua Conde de Bonfim.[7] Enquanto estudava medicina na Europa, José Martins acrescentou Jobim ao sobrenome, em homenagem à vila de onde veio sua família em Portugal, a freguesia de Santa Cruz de Jovim do município de Gondomar, na Área Metropolitana do Porto.[8][9]

https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Tom_Jobim&fbclid=IwY2xjawIEWwRleHRuA2FlbQIxMAABHWFmGprPPnLKHfcyfkW6LLTS056hj_60Vw39CINGtQ6GYb8Y2-V6iTnJ_Q_aem_9YDtnHTBM8nJ_ggaPg2O7Q

Reflexão

 


Reflexão...

"A cobra mordeu a galinha e, com o veneno queimando nas suas veias, procurou refúgio no próprio galinheiro, buscando o aconchego de quem acreditava ser sua família.

Mas, em vez de acolhê-la, as outras galinhas preferiram expulsá-la, temendo que o veneno pudesse atingir a todos.

Ferida, coxeando e com os olhos marejados, a galinha deixou o galinheiro. Não chorava pela mordida da cobra, mas pelo abandono cruel de quem mais deveria ampará-la.

Arrastando uma pata, vulnerável ao frio e à escuridão, seguiu em passos cambaleantes. Cada passo arrancava-lhe uma lágrima, que se misturava ao pó do caminho.

As galinhas, indiferentes, observaram-na sumir no horizonte. Algumas murmuravam friamente:

— Deixe-a ir… Não sobreviverá.

O tempo passou, e um dia um beija-flor chegou ao galinheiro com uma notícia inesperada:

— Sua irmã está viva! Mora numa caverna distante. Ela sobreviveu, mas perdeu uma pata e enfrenta dificuldades para se alimentar. Ela precisa de ajuda.

Houve um silêncio desconfortável, seguido de desculpas vazias:

— Estou ocupada, colocando ovos.

— Preciso buscar milho.

— Tenho pintinhos para cuidar.

Uma a uma, recusaram-se a ajudar. O beija-flor voltou à caverna sozinho.

Mais tempo se passou. O beija-flor retornou ao galinheiro, mas dessa vez trouxe uma notícia pesada como chumbo:

— Sua irmã faleceu. Morreu sozinha, abandonada. Não há ninguém para enterrá-la ou chorar por ela.

De repente, o silêncio tomou conta do galinheiro. Um lamento profundo ecoou entre todas. As que colocavam ovos pararam. As que buscavam milho deixaram as sementes. Até as que cuidavam dos pintinhos esqueceram-se deles por um momento.

A dor do arrependimento era mais cruel que o veneno da cobra. Todas carregavam a mesma pergunta angustiante:

Por que não fomos antes?

Sem medir distância ou cansaço, partiram em direção à caverna, chorando e lamentando. Agora tinham um motivo para vê-la, mas era tarde demais.

Ao chegarem, não encontraram a galinha. Restava apenas uma carta, marcada por palavras que cortavam como lâminas:

“Na vida, muitas vezes as pessoas não atravessam a rua para te ajudar enquanto estás vivo, mas atravessam o mundo para te enterrar quando morres.

E a maioria das lágrimas nos funerais não é de dor, mas de remorso e arrependimento.”

Créditos Sobre literatura?

A arte de ser boa pessoa

 


A arte de ser boa pessoa de Vítor Pinto Basto


Li o livro de um fôlego. Empatizei com as estórias reais e banais lá contadas. Podiam reportar-se a mim, aos meus amigos e conhecidos e, além disso, são tecidas com um suspense que nos move a  ler mais rápido para descobrir o desenlace. A escrita madura fascina: todos os capítulos se iniciam com um poema de José Gomes Ferreira, desenvolvendo-se como uma espécie de glosa do tema do poema.O cruzar do tempo passado, presente, passado, impõe-se na memória pensante; as referências filosóficas ou a intertextualidade remetem o leitor para outros mundos e tempos, quiçá neles impregnados de liberdade, absurdo e funcionalidade do que interessa para  viver. A montagem de parte da história num espaço conhecido, o Porto, com referência a locais que dão vida à cidade, a história passada em França com a mesma beleza definida, por comparação, das paisagens portuguesas, algumas portuenses, conduz o leitor a uma maior adesão à descrição/narração. Como exemplo, as  analogias entre paisagens francesas e portuguesas: Îlle Gironde, o Gironde e a ria de Aveiro; a Rua Sainte Catherine, pedonal e cheia de casas comerciais de marcas que se podem encontrar na sua congénere portuense, Santa Catarina,  em parte pedonal. O Bolhão e o Marché des Capucins. O pinhal de Ofir e Cap Ferret.Uma pontuação sincopada, por ponto final, que realça as ideias de forma mais lenta como se, assim, devessem ser  sorvidas e saboreadas  às colheradas.

Persiste a  utopia/realidade  da inevitável  queda  do despotismo, a reflexão sobre o que realmente interessa escrever.

Tal como em “O rapaz que queria aprender a olhar”, persiste a  utopia  da inevitável  queda  do despotismo, a reflexão sobre o que realmente interessa escrever.

Como em outros autores, mas de forma particular, arvora-se a denúncia de um Porto sem tripeiros, a denúncia da solidão da velhice, sem políticas que se interessem por inativos e, ainda, a constatação de que o amor pelos filhos não gera a biunívoca responsabilidade de cuidados.No nosso mundo,  já não é natural que os filhos cuidem  dos progenitores. A vida é frenética!

quinta-feira, 23 de janeiro de 2025

Há dias para tudo, até para escrever à mão

 

Há dias para tudo, até para escrever à mão

Escrever à mão fortalece as vias cognitivas e proporciona mais benefícios neurológicos do que a escrita tecnológica, já que activa diversas regiões do cérebro, melhorando a capacidade de retenção e a função cognitiva.

“Segurar uma caneta com os dedos, encostá-la a uma superfície e deslocar a mão para criar letras e palavras é uma habilidade cognitiva-motora complexa que requer muita atenção”, diz Melissa Prunty, professora de terapia ocupacional na Brunel University London o que contribui para as capacidades de ler, soletrar (Prunty)   e aprender (van der Meer).

Van der Meer  esclareceu que experiências feitas com jovens universitários mostraram que todo o cérebro estava ativo quando escreviam à mão, enquanto a digitação  no teclado ativou, apenas, pequenas áreas do cérebro.  

https://bit.ly/40NPCQz



Pedido ao meu avó de consentimento no casamento do meu pai com a a minha mãe






quarta-feira, 22 de janeiro de 2025

Descoberta em Fânzeres, Gondomar, de Fóssil de planta rara com 310 milhões de anos.

 



Descoberta em Fânzeres, Gondomar, de Fóssil  de planta rara com 310 milhões de anos.

A Universidade de  Coimbra anunciou a descoberta de um fóssil raro, com 310 milhões de anos, identificado no Seixo, em Fânzeres, em Gondomar. Trata-se de uma nova espécie de gimnospérmica primitiva, batizada de Palaeopteridium andrenelii, descoberta pela equipa de Pedro Correia, investigador do Centro de Geociências (CGEO) da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), em colaboração com Carlos Góis-Marques, paleobotânico da Universidade da Madeira.

Segundo Pedro Correia, a descoberta dá pistas valiosas sobre a evolução e reprodução de plantas primitivas no Período Carbónico, era, ocorrida no final da Era Paleozóica. Na década de 1940, Carlos Teixeira já tinha identificado uma Palaeopteridium andrenelii  da ordem extinta Noeggerathiales também na região carnonífera do Douro.

“A nova espécie preserva macroesporângios (estruturas reprodutoras), um dos quais ainda contém um gametófito multicelular, oferecendo novas perspetivas sobre a diversidade e paleoecologia das Noeggerathiales. Carlos Góis-Marques sublinha que fósseis deste grupo são raros na Europa e América devido aos seus habitats ecológicos específicos”.

“Esta descoberta não só amplia o conhecimento sobre a diversidade deste grupo enigmático, como reforça a singularidade do registo paleobotânico do Carbónico português, que apresenta um elevado grau de endemismo com importância internacional”, afirma Góis-Marques.

Esta descoberta foi publicada na conceituada revista científica Geological Magazine 





Placa I. Holótipo Mgutad-1121 de Palaeopteridium andrenii sp. Nov. Dos afloramentos da Ervosa (Upper Westphalian D/Upper Asturian, Middle Pennsylvanian) da região de D Miguel, Seixo (Fânzeres), Gondomar, noroeste de Portugal. 1-Vista geral do holótipo (as setas brancas indicam um pecíolo muito desenvolvido, um possível penúltimo rachis). 2–3 - Aumento de caixas retangulares na Figura 1, mostrando detalhes da folhagem (setas brancas indicam a ligação peciolada dos pinos em uma rachis final). 4 – Aumento da caixa retangular na Figura 1, exibindo um macrosporrangio "noeggerathialan" putativo com um provável micropírico (destacado no círculo branco tracejado). 5 - Macrosporrangian, putativo "noeggerathialan", exibindo um gametófito multicelular que se estende da parede de esporos rompidos (setas brancas) (contrapartida holótipo; ver II, 2b).


https://bit.ly/3PJBkLk

https://bit.ly/42pRcdQ

https://bit.ly/3E7uRrh

https://bit.ly/3E7uRrh