domingo, 20 de setembro de 2015

IGREJA DE S. NICOLAU









Nos meados do século XIX, a igreja  não aparece referida no GUIA HISTÓRICO do VIAJANTE NO PORTO e ARRABALDES e noutros, já que consideram o edifício de pouco interesse descrevendo-o do seguinte modo: “ S. Nicoláo.—Na rua dos inglezes. E' antigo e d’architectura pouco elegante. Foi reedificada pelo bispo D. Nicolao Monteiro, que havia sido baptisado nesta parochia, e que regeu o bispado de 1671 a 1672. Abrasada por um incêndio, ha mais d'um sé­culo, foi outra vez reedificada pelo bispo d'esta dioce­se, D. Fr. António de Sousa, a cuja dignidade episco­pal fora elevado em 1756. Antes do incêndio possuía algumas obras d’arte; é uma das mais antigas parochias do Porto: data de 1583.”
No Elucidário apenas tem esta pequena referência: “Egreja de S. Nicolau Acha-se situada na rua d’este nome: notam-se nella algumas decorações admiraveis.”



18 - Igreja de S. Nicolau


                           (****) Thomaz da Rocha Pinto, (1748-1815)











Antes da igreja, existia desde 1247, uma ermida de S. Nicolau, que pertencia à Albergaria de Santa Catarina, instituição destinada ao tratamento dos leprosos na Reboleira. Em 1671, o bispo D. Nicolau Monteiro, manda edificar uma nova igreja, que será consagrada em 1676. Esta igreja é destruída por um incêndio em 1758 e no mesmo ano inicia-se a sua reconstrução segundo risco de Frei Manuel de Jesus Maria. A nova igreja é aberta ao culto em 1762. Os retábulos laterais elaborados entre 1762 e 1763, por José Teixeira Guimarães e Francisco Pereira Campanhã são dedicados a Santo Elói e a Nossa Senhora da Conceição. A fachada da igreja é em 1861 revestida a azulejo.

Magalhães Basto, roteiro denisiano.




Foto Maria de Fátima Gomes, 24,10, 2015








A fachada principal apresenta dois pares de pilastras toscanas rematadas sobre a cornija por plintos onde assentam altos corochéus piramidais.
O portal é ladeado por dois pares de coluna e mísula coríntias sobre pedestais, que sustentam frontão triangular interrompido pela pedra de armas do bispo D. Frei António de Sousa.
(Fonte Sipa/IHRU)



      A fachada principal apresenta dois pares de pilastras toscanas rematadas sobre a cornija    por plintos onde assentam altos corochéus piramidais.
O portal é ladeado por dois pares de coluna e mísula coríntias sobre pedestais, que sustentam frontão triangular interrompido pela pedra de armas do bispo D. Frei António de Sousa que reergueu a igreja.
                      (Fonte Sipa/IHRU)



Foto Maria de Fátima Gomes, 24,10, 2015






   Sobre o portal, apresenta um grande janelão emoldurado por um frontão curvo interrompido por um nicho com a imagem do orago e frontão triangular com óculo oblongo.

A frontaria foi revestida a azulejo em 1861. 












S. Nicolau


Foto Maria de Fátima Gomes, 24,10, 2015




Interior da Igreja de S. Nicolau - web Gisa



     Joseph James Forrester (1809-1861), George Childs (1826-1873) Richard James Lane (1800-1872) Igreja de S. Nicholao, Porto 1835 Church of St Nicholas, Oporto / J. J. Forrester del.t ; J. R. Lane direxit ; G. Childs lith.. - Oporto : J. J. Forrester ;. - London : J. Dickinson, 1835 gravura : litografia aguarelada, colorida 38 x 28 cm. BND Portugal http://purl.pt/6130




A igreja é composta por uma só nave coberta por uma abóbada de tijolo. Os retábulos dos altares laterais, em estilo neoclássico, são de 1816, os mais antigos são de talha rococó, artisticamente lavrados.


O arco triunfal pousa em pilastras dóricas e termina num frontão partido.




Imagem de Nossa Senhora da Boa Nova, na Igreja de São Nicolau.

Fotografia de Teófilo Rego.



Foto Maria de Fátima Gomes, 24,10, 2015












A pintura da Adoração do Santíssimo Sacramento cria um modelo de adoração com uma custódia de base piramidal suspensa numa coroa de nuvens povoada de anjos. Em baixo da representação, figuras de anjos apresentam e adoram o Santíssimo. É da autoria de João Glama Ströberlle que  terá nascido em Lisboa em 1708, mas veio a deixar um vasto trabalho, tanto a nível profano como religioso, no Norte de Portugal. Teve proteção de D. José Maria Fonseca e Évora, embaixador de Portugal na Santa Sé, sagrado Bispo do Porto em 1741.


Atualmente o retábulo encontra- se em obras de restauro.


De um lado e de outro figuram, entre colunas salomónicas, as imagens de S. Nicolau e santo Hilário. 


S. Nicolau

 A imagem está revestida com as vestes de bispo, tendo uma mitra em prata. Aos pés tem uma selha com três crianças, referindo um dos seus milagres.


Nicolau de Mina e de Bari (6 de Dezembro)
Terá nascido cerca de 270 em Patres, na Lícia, chegando a Bispo de Mina, na Ásia Menor. Combateu a heresia ariana no Concílio de Niceia e morreu em 342. A tradição torna-o uma mistura de Pai Natal e Neptuno. É representado, iconográficamente, vestido de bispo com mitra e báculo. Os atributos são três bolsas sobre um livro (alusão aos dotes que terá dado a três jovens pobres a fim de poderem casar e viver vida honesta), uma selha com três crianças (alusão a um milagre de reconstituição e ressurreição levado a cabo pelo santo em três crianças assassinadas e esquartejadas) e um barco. Com a reforma do calendário litúrgico levado a cabo pelo papa Paulo VI, em 1969, tornou-se opcional a observância do seu dia festivo.

















Hilário de Poitiers (13 de Janeiro)

Bispo e Doutor da Igreja Latina. Viveu na Gália no Século IV, foi eleito Bispo de Poitiers, sua terra natal, cerca de 350. Foi grande defensor da ortodoxia cristã contra a heresia do arianismo e taumaturgo. Com a força da sua voz fez com que se abrissem as portas de um concílio onde não era desejado. Com um só olhar, expulsou da ilha de Galinária todas as serpentes que a infestavam. Aparece muitas vezes associado à sua filha, Santa Abra, à sua filha espiritual, Santa Triaise e ao seu discípulo S. Lienne.
 A sua principal obra é um tratado sobre a trindade (De Trinitate).
Representa-se com vestes episcopais, com mitra e báculo. Os seus atributos  são o dragão ou um sapo que ele esmaga aos pés ou na mão ou então as serpentes (em alusão ao seu milagre da ilha Galinária e à serpente da heresia ariana).

Santo Hilário. A imagem apresenta-se vestida como bispo, faltando-lhe apenas a mitra – que teria sido em tecido e destruída pelo tempo. Tem numa das mãos um báculo e na outra um livro, ao mesmo tempo que calca uma figura monstruosa – a heresia.








Nossa Senhora da Conceição

Foto Maria de Fátima Gomes, 24,10, 2015








Foto Maria de Fátima Gomes, 24,10, 2015

Santo Elói - considerado patrono dos ourives


O Padre Manuel Pereira de Novais na sua “Anacrisis Historial” diz que a Rua da Ourivesaria começa no Terreiro e vai sair à Praça da Ribeira. Horácio Marça refere, também que a Rua da Ourivesaria “bifurcava com a da Reboleira um pouco adiante de S. Nicolau”. A rua da Ourivesaria teria acolhido os ourives do burgo, antes destes terem ido para a Rua das Flores. A julgar pela planta de Balck de 1813, a rua dos banhos (onde tinham sido construídos os banhos públicos da cidade no século XIV) ligava a da Ourivesaria à Porta Nobre.

Quando se construiu a Rua Nova da âlfandega , o Padrão de S. Francisco, em frente do convento do mesmo nome e a Capela de Santo Elói, erigida à custa dos Ourives. A imagem de santo Elói foi, então, transferida para a igreja de S. Nicolau.

Santo Elói nasceu em França no final do século VI serviu como ourives e tesoureiro, os reis Clotário e Dagoberto I. Após a morte do seu amo, recebeu ordens religiosas no Mosteiro de Solignac, em 659. Veio a ser ordenado bispo de Noyon. O facto de ter sido ourives justifica o facto de ser patrono dos artesãos. No entanto, o seu primeiro ofício foi o de ferreiro. A iconografia representa-o, muitas vezes com a bigorna, o martelo e as tenazes com as quais terá afugentado o demónio.









































































Pia de batismo - concha

























pia  de água benta - esquerda





pia de água benta - direita



Do espólio artístico e mobiliário desta igreja salientam-se alguns móveis da sacristia, várias peças de prata dourada, entre elas um cálice do século XVI, um valioso missal de 1736, no entanto e com especial menção referimos a existência de dois baldaquinos portáteis que serão muito provavelmente os únicos do género existentes em Portugal.





http://gisaweb.cm-porto.pt/units-of-description/documents/
http://www.portoxxi.com/cultura/ver_edificio.php?id=21