Nos meados do século
XIX, a igreja não aparece referida no
GUIA HISTÓRICO do VIAJANTE NO PORTO e ARRABALDES e noutros, já que consideram o
edifício de pouco interesse descrevendo-o do seguinte modo: “ S. Nicoláo.—Na
rua dos inglezes. E' antigo e d’architectura pouco elegante. Foi reedificada
pelo bispo D. Nicolao Monteiro, que havia sido baptisado nesta parochia, e que
regeu o bispado de 1671 a 1672. Abrasada por um incêndio, ha mais d'um século,
foi outra vez reedificada pelo bispo d'esta diocese, D. Fr. António de Sousa,
a cuja dignidade episcopal fora elevado em 1756. Antes do incêndio possuía
algumas obras d’arte; é uma das mais antigas parochias do Porto: data de 1583.”
No Elucidário apenas
tem esta pequena referência: “Egreja de S. Nicolau Acha-se situada na rua
d’este nome: notam-se nella algumas decorações admiraveis.”
18 - Igreja de S. Nicolau
(****) Thomaz da Rocha Pinto, (1748-1815)
Antes
da igreja, existia desde 1247, uma ermida de S. Nicolau, que pertencia à
Albergaria de Santa Catarina, instituição destinada ao tratamento dos leprosos
na Reboleira. Em 1671, o bispo D. Nicolau Monteiro, manda edificar uma nova
igreja, que será consagrada em 1676. Esta igreja é destruída por um incêndio em
1758 e no mesmo ano inicia-se a sua reconstrução segundo risco de Frei Manuel
de Jesus Maria. A nova igreja é aberta ao culto em 1762. Os retábulos laterais
elaborados entre 1762 e 1763, por José Teixeira Guimarães e Francisco Pereira
Campanhã são dedicados a Santo Elói e a Nossa Senhora da Conceição. A fachada
da igreja é em 1861 revestida a azulejo.
Magalhães Basto, roteiro denisiano.
Foto Maria de Fátima Gomes, 24,10, 2015
A
fachada principal apresenta dois pares de pilastras toscanas rematadas sobre a
cornija por plintos onde assentam altos corochéus piramidais.
O
portal é ladeado por dois pares de coluna e mísula coríntias sobre pedestais,
que sustentam frontão triangular interrompido pela pedra de armas do bispo D.
Frei António de Sousa.
(Fonte
Sipa/IHRU)
A
fachada principal apresenta dois pares de pilastras toscanas rematadas sobre a
cornija por plintos onde assentam altos corochéus piramidais.
O
portal é ladeado por dois pares de coluna e mísula coríntias sobre pedestais,
que sustentam frontão triangular interrompido pela pedra de armas do bispo D.
Frei António de Sousa que reergueu a igreja.
(Fonte
Sipa/IHRU)
Foto Maria de Fátima Gomes, 24,10, 2015
Sobre
o portal, apresenta um grande janelão emoldurado por um frontão curvo
interrompido por um nicho com a imagem do orago e frontão triangular com óculo
oblongo.
A frontaria foi revestida a azulejo em 1861.
A frontaria foi revestida a azulejo em 1861.
S. Nicolau
Foto Maria de Fátima Gomes, 24,10, 2015
Interior da Igreja de S. Nicolau - web Gisa
Joseph James Forrester (1809-1861), George Childs (1826-1873) Richard James Lane (1800-1872) Igreja de S. Nicholao, Porto 1835 Church of St Nicholas, Oporto / J. J. Forrester del.t ; J. R. Lane direxit ; G. Childs lith.. - Oporto : J. J. Forrester ;. - London : J. Dickinson, 1835 gravura : litografia aguarelada, colorida 38 x 28 cm. BND Portugal http://purl.pt/6130
A
igreja é composta por uma só nave coberta por uma abóbada de tijolo. Os
retábulos dos altares laterais, em estilo neoclássico, são de 1816, os mais
antigos são de talha rococó, artisticamente lavrados.
O arco triunfal pousa em pilastras dóricas e termina num frontão
partido.
Imagem de Nossa Senhora da Boa Nova, na Igreja de São Nicolau.
A
pintura da Adoração do Santíssimo Sacramento cria um modelo de adoração com uma
custódia de base piramidal suspensa numa coroa de nuvens povoada de anjos. Em
baixo da representação, figuras de anjos apresentam e adoram o Santíssimo. É da autoria de João
Glama Ströberlle que terá nascido em Lisboa em 1708, mas veio a deixar um vasto
trabalho, tanto a nível profano como religioso, no Norte de Portugal. Teve
proteção de D. José Maria Fonseca e Évora, embaixador de Portugal na Santa Sé,
sagrado Bispo do Porto em 1741.
Atualmente o retábulo encontra- se em obras de restauro.
De
um lado e de outro figuram, entre colunas salomónicas, as imagens de S. Nicolau e santo Hilário.
S. Nicolau
A imagem está revestida com as vestes de bispo, tendo uma
mitra em prata. Aos pés tem uma selha com três crianças, referindo um dos seus
milagres.
Nicolau
de Mina e de Bari (6 de Dezembro)
Terá
nascido cerca de 270 em Patres, na Lícia, chegando a Bispo de Mina, na Ásia Menor.
Combateu a heresia ariana no Concílio de Niceia e morreu em 342. A tradição
torna-o uma mistura de Pai Natal e Neptuno. É representado, iconográficamente,
vestido de bispo com mitra e báculo. Os atributos são três bolsas sobre um
livro (alusão aos dotes que terá dado a três jovens pobres a fim de poderem
casar e viver vida honesta), uma selha com três crianças (alusão a um milagre
de reconstituição e ressurreição levado a cabo pelo santo em três crianças
assassinadas e esquartejadas) e um barco. Com a reforma do calendário litúrgico
levado a cabo pelo papa Paulo VI, em 1969, tornou-se opcional a observância do
seu dia festivo.
Hilário de Poitiers (13 de Janeiro)
Bispo e Doutor da Igreja Latina. Viveu na Gália no Século IV, foi eleito Bispo de Poitiers, sua terra natal, cerca de 350. Foi grande defensor da ortodoxia cristã contra a heresia do arianismo e taumaturgo. Com a força da sua voz fez com que se abrissem as portas de um concílio onde não era desejado. Com um só olhar, expulsou da ilha de Galinária todas as serpentes que a infestavam. Aparece muitas vezes associado à sua filha, Santa Abra, à sua filha espiritual, Santa Triaise e ao seu discípulo S. Lienne.
A sua principal obra é um tratado sobre a trindade (De Trinitate).
Representa-se com vestes episcopais, com mitra e báculo. Os seus atributos são o dragão ou um sapo que ele esmaga aos pés ou na mão ou então as serpentes (em alusão ao seu milagre da ilha Galinária e à serpente da heresia ariana).
Santo Hilário. A imagem apresenta-se vestida como bispo, faltando-lhe apenas a mitra – que teria sido em tecido e destruída pelo tempo. Tem numa das mãos um báculo e na outra um livro, ao mesmo tempo que calca uma figura monstruosa – a heresia.
Nossa Senhora da Conceição
Foto Maria de Fátima Gomes, 24,10, 2015
Foto Maria de Fátima Gomes, 24,10, 2015
Santo Elói - considerado patrono dos ourives
O Padre Manuel Pereira de Novais na sua “Anacrisis
Historial” diz que a Rua da Ourivesaria começa no Terreiro e vai sair à Praça
da Ribeira. Horácio Marça refere, também que a Rua da Ourivesaria “bifurcava
com a da Reboleira um pouco adiante de S. Nicolau”. A rua da Ourivesaria teria
acolhido os ourives do burgo, antes destes terem ido para a Rua das Flores. A
julgar pela planta de Balck de 1813, a rua dos banhos (onde tinham sido
construídos os banhos públicos da cidade no século XIV) ligava a da Ourivesaria
à Porta Nobre.
Quando se construiu a Rua Nova da âlfandega , o
Padrão de S. Francisco, em frente do convento do mesmo nome e a Capela de Santo
Elói, erigida à custa dos Ourives. A imagem de santo Elói foi, então,
transferida para a igreja de S. Nicolau.
Santo
Elói nasceu em França no final do século VI serviu como ourives e tesoureiro,
os reis Clotário e Dagoberto I. Após a morte do seu amo, recebeu ordens
religiosas no Mosteiro de Solignac, em 659. Veio a ser ordenado bispo de Noyon.
O facto de ter sido ourives justifica o facto de ser patrono dos artesãos. No
entanto, o seu primeiro ofício foi o de ferreiro. A iconografia representa-o,
muitas vezes com a bigorna, o martelo e as tenazes com as quais terá afugentado
o demónio.
Pia de batismo - concha
pia de água benta - esquerda
pia de água benta - direita
Do
espólio artístico e mobiliário desta igreja salientam-se alguns móveis da
sacristia, várias peças de prata dourada, entre elas um cálice do século XVI,
um valioso missal de 1736, no entanto e com especial menção referimos a
existência de dois baldaquinos portáteis que serão muito provavelmente os
únicos do género existentes em Portugal.
http://www.portoxxi.com/cultura/ver_edificio.php?id=21