terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

CARNAVAL

No Carnaval ninguém leva a mal

No entrudo faz-se tudo

Esta vida são dois dias e o carnaval três



O Carnaval, no sentido de ritual religioso remonta à Pré-História. No entanto, é no Antigo Egito que no aparecem as primeiras festas de índole carnavalesca. Manifestações deste tipo existem ao longo de toda a história.
Na Grécia Clássica, nas festas Dionisíacas, trocavam-se piadas grosseiras, as “lazzi”. Na Roma Antiga, nas festas em honra de Saturno, todos os homens eram considerados iguais. Os escravos vestiam a toga dos magistrados e vice-versa e, todos juntos entregavam-se aos prazeres da vida. Nas Lupercais, festas em honra da “Terra Mãe” que se realizaram até ao século V, no início da Quaresma, com a tolerância da <igreja, havia um festim, findo o qual, um cortejo caminhava até um monte, onde anunciava o fim dos prazeres físicos e o início das cerimónias religiosas. F. Dias faz derivar a palavra carnaval de “currus navalis”, carro naval, no qual se passeava Ísis, no mês de março, no meio de um cortejo de pessoas disfarçadas.
No entanto, o Carnaval moderno parece ter a sua origem na Itália de quatrocentos. Nesta época renascentista, ressurgiu o gosto pelas festas clássicas, ente as quais, as antecessoras do Carnaval.
Os carnavais de Roma e de Veneza gozaram, por longo tempo, de grande fama. Nas cavalgadas entrava toda a nobreza romana com mirabolantes trajes mitológicos e históricos. Além de balões e festas, especialmente dirigidas ao povo, havia espetáculos, nos teatros, que eram desaprovados pela Igreja, mas que subsistiram, mesmo assim.
Em Roma, na segunda-feira de Carnaval, fazia-se a Macoleti, que era o enterro do Carnaval, com a queima de um boneco. Os carnavais de Florença, Nápoles e Roma ficaram célebres pelos Arlequins, Polichinelos, Pierrots e outros mascarados que lançavam confettis e águas odoríferas através de seringas. Da Itália, o Carnaval irradiou para os outros países europeus e sendo que no Brasil, ganhou animação e brilho, ao ritmo do samba.
Todavia, o Carnaval, tal como hoje o conhecemos, é fruto do Cristianismo e da Quaresma.
Etimologicamente, uns dizem que deriva de “carne vale” que significa “adeus carne”, como saudosa despedida dos prazeres corporais consentidos antes da quaresma, tempo de penitência. Do século XIV a XVI, a palavra “carnal” é usada para designar o período em que se pode comer carne, em oposição à Quaresma, tempo de jejum e abstinência.
O Carnaval durava da véspera da sexagésima até à quarta-feira de cinzas. A autoridade papal restringiu-o a três dias, apenas.
O  Carnaval e as máscaras têm uma origem religiosa. Estas ligam-se ao culto dos mortos. Nesta aceção, invocam os maus espíritos (mortos) a fim de conseguir a sua reconciliação.
A adoção da máscara como disfarce remonta ao teatro grego. No entanto, o termo máscara deriva do árabe “maskere” com o significado de zombaria.
Na modernidade, Carnaval é expressão de riso e gracejo. Desta forma, é muitas vezes caricaturado por um santo burlesco que em Portugal se chama Entrudo. No Santo Entrudo, o trabalho é esquecido, porque é urgente aproveitar os bailes, a abundância de comida e alegria. Em certas zonas, ao terceiro dia de Carnaval, há um cortejo que tem como figura central o Entrudo e condenado a ser queimado na praça. Entrudo (introito) significa a entrada na Quaresma.
A tradição do cortejo do boneco considerado comadre, compadre ou personagem do Carnaval que é julgado e morto, é típico de diversas regiões não só portuguesas, mas também europeias. Apresenta, no entanto, nomes variados como João, Meco, Ricardinho ou outro e talvez simbolize o Inverno que morre.
Quanto à palavra Carnaval é de uso recente, no nosso país. Nesta altura, é tradição o lançamento de diversos objetos ou produtos como água e farinha. Os manjares característicos baseiam-se na carne, sobretudo de porco, daí a designação dada aos dias carnavalescos de “gordos”.