De um modo geral, o cenário das várias celebrações cíclicas
compreende cerimónias de véspera. A colocação de giestas faz-se no dia 30 de abril
para que as casas estejam floridas no momento em que começa o dia, para o
«Maio», o «Carrapato» ou o «Burro» não entrar. O «Maio» ou o «Burro» são
entidades nocivas, cujo malefício se pretende conjurar com uma barreira de
flores.
A tradição de colocar Maias, nas entradas das casas, no dia
30 de abril para 1 de maio perde-se no
tempo. Segundo alguns, originariamente, a
Maia era uma boneca de palha de centeio, em torno da qual se faziam danças toda
a noite do primeiro dia de Maio.
Também podia ser uma menina vestida de branco coroada com
flores, sentada num trono florido e venerada, todo o dia, com danças e cantares.
Esta festa foi proibida várias vezes, como aconteceu em
Lisboa no ano de 1402, por Carta Régia de 14 de Agosto, onde se determinava aos
Juízes e à Câmara "que impusessem as maiores penalidades a quem cantasse
Maias ou Janeiras e outras coisas contra a lei de Deus...".
Outra teoria liga o nome do mês de Maio a Maia, mãe de
Mercúrio, e a ele está ligado o costume de enfeitar as janelas com flores
amarelas.
Todos estes rituais estão ligados a antigos ritos de
fertilidade do novo ciclo da natureza, à celebração da Primavera ou ao início
de um novo ano agrícola.
A Igreja sacralizou esta tradição, ligando-a à Festa
da Santa Cruz ou ao Corpo de Deus. Esse facto pode basear-se na lenda segundo a
qual Herodes, sabendo que a Sagrada Família, em fuga para o Egito, pernoitaria
em determinada aldeia, teria mandado matar todas as crianças. No entanto,
alguém sugere que se assinale a casa do Menino Jesus para evitar tal
mortandade. Todavia, quando os soldados se dirigem para a habitação assinalada,
encontram todas as casas decoradas com giesta.
Enfim, todas estas práticas lembram, de forma obscura, a
necessidade humana de esconjurar o mal, face à insegurança da vida e à
omnipresente ameaça do que nos faz mal.