Stephen
Hawking disse um dia que “este não seria um grande universo se não fosse a casa
das pessoas que amamos”
Doutorado em cosmologia, Hawking foi professor de
Matemática e fundador do Centro de Cosmologia Teórica da Universidade de
Cambridge.
Dotado de um grande sentido de
humor, participou em séries de comédia, como "Teoria do Big Bang" ou
"The Simpsons" .
O filme “A teoria de tudo”
retrata a sua vida.
Stephen Hawking morreu no mesmo
dia e mês em que nasceu Alberto
Einstein.
Tinha 76 anos e há 55 que vivia
preso ao corpo. Sofria de Esclerose Lateral Amiotrófica.
Esta semana, o Professor Stephen Hawking
deu uma bela lição sobre igualdade de género a Piers Morgan, o apresentador do
programa Good Morning Britain que tem sido alvo de duras críticas pelos seus
consecutivos comentários sexistas. Desta vez, o tiro saiu-lhe pela culatra.
Ridicularizar as mulheres – ou melhor, as
pessoas - que se assumem como feministas recorrendo a insultos como as
expressões “feminazis” ou “mulheres raivosas” tem sido a posição de Piers, que
ainda no início deste ano considerou a Marcha das Mulheres “um evento
totalmente absurdo”. Para vincar a sua opinião, decidiu gozar com aquela
gigante manifestação mundial pela igualdade de género, com mais de 100 tweets
jocosos partilhados ao longo do dia 21 de janeiro. Na recente conversa com
Hawking, Morgan decidiu puxar o tema alegando que, se olharmos para a ascensão
política feminina no Reino Unido (com Theresa May como primeira ministra do
Reino Unido e Nicola Sturgeon como primeira ministra da Escócia, por exemplo),
finalmente “estamos a ter provas científicas” relacionadas com a igualdade de
capacidades entre homens e mulheres. A resposta de Hawking:
“Não é uma prova científica sobre a
igualdade de género que é necessária, mas sim a aceitação geral de que as
mulheres são pelo menos iguais aos homens, ou melhores que eles”. Clara, curta
e concisa, esta mensagem disse tudo. Contudo, o Professor foi ainda mais longe
nesta verdadeira lição de civismo dada a Morgan e a todos os que seguem a sua
redutora linha de pensamento. "Se considerarmos as mulheres de alta
potência, como Angela Merkel, parece que estamos a assistir a uma mudança
sísmica para as mulheres acederem a posições de alto nível na política e na
sociedade", explicou Stephen Hawking, aproveitando para reforçar o que
muita gente continua a não querer ver. “Mas ainda há um fosso grande entre
aquelas mulheres que alcançam um alto status público e aquelas no setor
privado. Congratulo-me com estes sinais de libertação das mulheres.”
“O
PROFESSOR É FEMINISTA?”. RESPOSTA: “SIM”.
Particularmente quando entrevista
mulheres, Piers Morgan tem uma tendência clara para interrompê-las nas suas
respostas quando o tema é igualdade de direitos e de oportunidades entre
géneros (espreitem por exemplo os vídeos do programa feitos sobre a sessão
fotográfica de Emma Waston para a Vanity Fair ou a entrevista a Sophie Walker,
líder do Women's Equality Party). Mas com Stephen Hawking à frente, parece que
lhe faltou o habitual à vontade para interromper entrevistados ou ridicularizar
o tema do feminismo. Em tom de fim de tópico, ficou outra questão chave: “O
Professor é feminista?”. E a resposta: “Sim. Sempre apoiei os direitos das
mulheres. Fui eu que mudei o sistema de admissão de mulheres na minha
faculdade, Gonville & Caius College, Cambridge. Os resultados foram
totalmente positivos.”
Em poucos segundos, Stephen Hawking deu
uma lição a todos os que não percebem a importância do feminismo ou que, por
preguiça ou ignorância, não entendem sequer o significado da palavra e o que
ela defende. Ser feminista não é querer a supremacia feminina sobre os homens.
Não é uma competição, nem tampouco uma apologia à redução de direitos do
universo masculino. É, sim, perceber que no mundo existe uma disparidade clara
entre homens e mulheres no que toca a direitos universais, ao poder de decisão
e a acesso a oportunidades, por exemplo. É, como diria Stephen Hawking, aceitar
de uma vez por todas que não é o género com que nascemos que nos define
enquanto pessoas, seja nas nossas capacidades, seja nos nossos papéis em
sociedade. E que é urgente que esse fosso de igualdade entre homens e mulheres
seja reduzido. Porque uma sociedade mais paritária é uma sociedade mais justa,
mais livre, mais digna, mais equilibrada e, é claro, também mais competitiva. E
todos – todos! – temos a ganhar com isso.
Se tiverem um bocadinho espreitem a
entrevista completa.