quarta-feira, 14 de março de 2018

Stephen Hawking e o feminismo

 

Stephen Hawking disse um dia que “este não seria um grande universo se não fosse a casa das pessoas que amamos”

                                                           

Doutorado em cosmologia, Hawking foi professor de Matemática e fundador do Centro de Cosmologia Teórica da Universidade de Cambridge.

Dotado de um grande sentido de humor, participou em séries de comédia, como "Teoria do Big Bang" ou "The Simpsons" .

O filme “A teoria de tudo” retrata a sua vida.

Stephen Hawking morreu no mesmo dia e mês em que nasceu  Alberto Einstein. 

Tinha 76 anos e há 55 que vivia preso ao corpo. Sofria de Esclerose Lateral Amiotrófica.


Esta semana, o Professor Stephen Hawking deu uma bela lição sobre igualdade de género a Piers Morgan, o apresentador do programa Good Morning Britain que tem sido alvo de duras críticas pelos seus consecutivos comentários sexistas. Desta vez, o tiro saiu-lhe pela culatra.

Ridicularizar as mulheres – ou melhor, as pessoas - que se assumem como feministas recorrendo a insultos como as expressões “feminazis” ou “mulheres raivosas” tem sido a posição de Piers, que ainda no início deste ano considerou a Marcha das Mulheres “um evento totalmente absurdo”. Para vincar a sua opinião, decidiu gozar com aquela gigante manifestação mundial pela igualdade de género, com mais de 100 tweets jocosos partilhados ao longo do dia 21 de janeiro. Na recente conversa com Hawking, Morgan decidiu puxar o tema alegando que, se olharmos para a ascensão política feminina no Reino Unido (com Theresa May como primeira ministra do Reino Unido e Nicola Sturgeon como primeira ministra da Escócia, por exemplo), finalmente “estamos a ter provas científicas” relacionadas com a igualdade de capacidades entre homens e mulheres. A resposta de Hawking:

“Não é uma prova científica sobre a igualdade de género que é necessária, mas sim a aceitação geral de que as mulheres são pelo menos iguais aos homens, ou melhores que eles”. Clara, curta e concisa, esta mensagem disse tudo. Contudo, o Professor foi ainda mais longe nesta verdadeira lição de civismo dada a Morgan e a todos os que seguem a sua redutora linha de pensamento. "Se considerarmos as mulheres de alta potência, como Angela Merkel, parece que estamos a assistir a uma mudança sísmica para as mulheres acederem a posições de alto nível na política e na sociedade", explicou Stephen Hawking, aproveitando para reforçar o que muita gente continua a não querer ver. “Mas ainda há um fosso grande entre aquelas mulheres que alcançam um alto status público e aquelas no setor privado. Congratulo-me com estes sinais de libertação das mulheres.”

 

“O PROFESSOR É FEMINISTA?”. RESPOSTA: “SIM”.

 

Particularmente quando entrevista mulheres, Piers Morgan tem uma tendência clara para interrompê-las nas suas respostas quando o tema é igualdade de direitos e de oportunidades entre géneros (espreitem por exemplo os vídeos do programa feitos sobre a sessão fotográfica de Emma Waston para a Vanity Fair ou a entrevista a Sophie Walker, líder do Women's Equality Party). Mas com Stephen Hawking à frente, parece que lhe faltou o habitual à vontade para interromper entrevistados ou ridicularizar o tema do feminismo. Em tom de fim de tópico, ficou outra questão chave: “O Professor é feminista?”. E a resposta: “Sim. Sempre apoiei os direitos das mulheres. Fui eu que mudei o sistema de admissão de mulheres na minha faculdade, Gonville & Caius College, Cambridge. Os resultados foram totalmente positivos.”

Em poucos segundos, Stephen Hawking deu uma lição a todos os que não percebem a importância do feminismo ou que, por preguiça ou ignorância, não entendem sequer o significado da palavra e o que ela defende. Ser feminista não é querer a supremacia feminina sobre os homens. Não é uma competição, nem tampouco uma apologia à redução de direitos do universo masculino. É, sim, perceber que no mundo existe uma disparidade clara entre homens e mulheres no que toca a direitos universais, ao poder de decisão e a acesso a oportunidades, por exemplo. É, como diria Stephen Hawking, aceitar de uma vez por todas que não é o género com que nascemos que nos define enquanto pessoas, seja nas nossas capacidades, seja nos nossos papéis em sociedade. E que é urgente que esse fosso de igualdade entre homens e mulheres seja reduzido. Porque uma sociedade mais paritária é uma sociedade mais justa, mais livre, mais digna, mais equilibrada e, é claro, também mais competitiva. E todos – todos! – temos a ganhar com isso.

Se tiverem um bocadinho espreitem a entrevista completa.

 

http://expresso.sapo.pt/blogues/bloguet_lifestyle/Avidadesaltosaltos/2017-03-21-Uma-licao-de-feminismo-dada-por-Stephen-Hawking#gs.XTTCtHk