sábado, 2 de janeiro de 2021

Reflexão

 


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“ ... na demanda se contém não só a viagem, mas o sonho, o sentir, o pensamento, a ação”

Maria de Lourdes Pintassilgo

 

O docente equipara-se ao cientista do depois de amanhã “ que trará consigo dentro dele, não só “um espaço real como o espaço que há onde as cousas da matéria estão” – espaço de verdadeira criação de conhecimento refletido e atualizado, de sabedoria – mas também “uma nova dimensão so outro”. Mas para que essa dimensão não seja “uma coisificação do outro”, nunca a ele chegamos senão descobrindo o(s) outro(s) de nós, “outrando-nos pela imaginação sensível a nós mesmos”.

Nesta linha de ideias, educar é investigar, porque nunca se conhece o ponto de partida nem de chegada, previamente. Educar implica uma caminhada de um sujeito ao encontro do outro a fim de o consciencializar do seu projeto de vida, lhe despertar fascínio e a vontade de saber, de saber fazer e de saber tornar-se. 

Na atual escola de massas, esta caminhada é tarefa deveras complicada. Como percorrer, uma só pessoa, duzentas caminhadas diferentes?

No entanto, pondo de lado utopias, os professores têm dados mostras de que estão dispostos a caminhar, embora coxos, de muletas ou sem calçado apropriado. Apesar de todos os defeitos e encruzilhadas do ensino atual, muito avanço se deve a esta aprendizagem. Face a uma sociedade que pede que a escola forme para o exercício de uma profissão há que problematizar, refletir, equacionar hipóteses e tomar opções individuais e de forma colaborativa.

Numa escola de massas que integra no seu seio uma população heterogénea, é fundamental o professor exercer um papel ativo na deteção diagnóstica de situações problema bem como no equacionar de medidas de intervenção tendentes a prevenir ou remediar essas mesmas situações.

No entanto, é evidente que a eficácia dos professores está dependente da intervenção de outros agentes, nomeadamente da escola, da família e da sociedade.

Todavia, parece-nos fundamental o conhecimento crítico, a reflexão conjunta, a partilha de experiência , a busca coletiva de soluções de forma a alargar as perspetivas de intervenção.

Adestrar os professores para empreenderem projetos de pesquisa coletiva que partam da experiência profissional da cada um e questionem o conhecimento científico à luz dos contextos prático-institucionais da profissão docente parece-me o sentido premente de qualquer formação, no momento presente.