terça-feira, 2 de julho de 2013

O REI DE SANGUE AZUL COM COROA NA CABEÇA


Sktech teatral infantil, feito há longos anos, ainda eu era teenager.A simbologia política pode ser atualizada, naturalmente.
Destinava-se a ser representado em teatro de fantoches em ampla interação com o público.

O rei de sangue azul
Com coroa na cabeça

Aparece o Palhaço e diz:

-Boa tarde meninos todos
Estou contente de encontrar
Vamos todos divertir-nos
Vamos todos representar.

Pois já agora, com licença
Vou contar uma história linda
No final, vocês dirão
Se gostaram ou se não.

Era uma vez um rei
Que vivia com a rainha
Tinha os cabelos brancos
Na cabeça, uma coroazinha.

Um dia, lá no palácio
Fez-se alegre festinha
E, verão os meninos, agora
Quantas pessoas tinha!


Pois então, num belo dia
Sucedeu  o que vão ver
Atenção meninos todos
A peça não é de perder.


II
Estão os dois reis e duas rainhas a dançar

Gira ó flé, flé, flá …
Parecem  duas velhas:

- Suas majestades, dão licença?
Nós queríamos perguntar
Se na festa nós as velhas
Não poderíamos entrar?

Rainha:
- Que malcriadas, pois então
Vós os pobres junto aos reis?
Nós temos sangue azul
Não somos sujos papéis!

2ª velha:
-Desculpe, majestade
Tanto atrevimento ter
Mas da festa só queríamos
Estar aqui e poder ver!

Rainha:
-Vão-se gentinha, vão
Vão trabalhar na cozinha
Podereis fazer o jantar
E preparar boa galinha!

(Voltando-se para os convidados)
-Desculpai-nos meus amigos
Consentir estes dois perigos
( diretamente para as velhas)
- Não percebem que os reis só podem ter reis por amigos?

III
Aparece o Palhaço:
- Alto lá, alto lá
Pois meninos atenção
Vocês no princípio concordaram
Que faziam a representação!

Digam-me, pois, já agora
Se acham bem, se acham mal
Que o rei só possa ter
Outro rei por seu igual.
  
Mas vejam, não se esqueçam
O que as velhas vão fazer
Têm cara enrugada, lá isso têm
Mas a bondade não se pode ver!

Elas lá estão na cozinha
Com os tachos a trabalhar
Vão matar um animal
Que costumava muito cantar!

Pensaram elas  e com razão:
“Os reis só com reis falam
E só reis devem comer.
Vamos arranjar um bicho
Que coroa possa ter.”

E digam, pois, meus meninos
Qual será esse animal
Tem coroa e canta muito
Usa manto feito de penas
E passeia-se no quintal?

É o galo, pois então
Que é o rei da capoeira
As galinhas são as rainhas
E cantam da mesma maneira!

Ora agora, as nossas velhas
As duas com habilidade
Querem ver se todo o rei
Tem sangue azul de verdade!

Para isso matam o galo
E dele fazem uma arrozada
O sangue é bem vermelhinho
Qual azul, ou qual nada!

Escutem com atenção
O que as duas vão dizer
As velhas sabem muito
Vocês podem bem aprender!

IV
Entra  a 1ª velha:

- Estás a ver, velha amiga
Que a rainha nos mentiu
Disse que tinha sangue azul
Para amiga não nos consentiu!

2ª velha:

- Mas agora, vamos lá
Vamos dar-lhe uma picadela
É costume sair sangue
Já sabemos qual é a cor dela.

V
Palhaço:

-E, olhem meninos que foram
Foram lá com uma agulha
Espetaram levemente na mão
E saiu sangue bem vermelho
Linda cor de pimentão!

VI
Rainha:

- Ai que horror, que horror
Vocês estragaram meu sangue
É tamanha a minha dor.

Dirige-se à outra rainha:

- Desculpe, amiga minha
Sinto-me tão pobrezinha!
Agora só a coroa
Fará de mim alguém superior!

Já não tenho sangue azul
É vermelha a minha cor
Já não posso ser diferente
Já mostraram minha igualdade
Oh, que triste a realidade!

2ª Rainha:

-Ah, mas eu sou diferente!
Eu nasci de sangue azul
Já mo disseram em criança
Nasci com coroa, sou rainha
Contigo não tenho semelhança!

1ª Rainha:

- Ai não, deixa-me espetar
Esta agulha também em ti
Verás o sangue correr
E olha que azul não pode ser!

Rei:

- Calem-se vós as rainhas
Parem um pouco a discussão.
Teremos, agora, que refletir
Qual  a melhor solução.

2º Rei:

- Pois claro, eu já sabia
Que não tínhamos sangue azul
Mas continuamos diferentes
Dessa gente, dessa gentinha
Dessas velhas da cozinha!

As nossas roupas são mais finas
As nossas caras mais bonitas
Temos outra educação.
Enfim, é esta a solução!

1ª Velha:

- Olhem que eu acho que não!
Vocês têm que provar
Que são diferentes de nós
Que não podem connosco falar!

Porque, então, também eu visto
Uma roupa das que tendes
Não trabalho, a pele fica mais fina
Ponho creme, fica com mais cor
Tanto nós, como vós
Podemos cheirar uma flor!

Rainha grita:

- Mais educação!

1ª Rainha:

- Minha mãe, de pequenina
Me ensinou boas maneiras
Sou sempre bem educada
Nunca faço grandes asneiras!

  
2ª Velha:

- Eu também sou delicada
Respeito sempre os velhinhos
Ajudo sempre toda a gente
Indico a todos os caminhos.

Nunca gritei, como a rainha
Falo sempre devagar
Nesta vida eu só quero
Ter amigos pr´a falar.

E, já agora pr´a os escolher
Não quero saber de razões
Não me fio no retrato
Prefiro os bons corações.

VII

Palhaço:

- Chegou o momento, amigos
De vocês também entrarem
A fazer a representação
Falem alto e sem vergonha
Deem a vossa opinião.
Quem preferem os meninos?
Quem tem melhor coração?
Os reis com coroa e a rainha
Ou as velhas que trabalham
Todo o dia na cozinha?

Meninos:

- As velhinhas!

Palhaço:

- Parece-me que ouvi gritar
“As velhinhas, as velhinhas!
As velhinhas em 1º lugar!”

Vamos, então, falar aos reis
E ver como vai a discussão
Quem desistirá primeiro
Quem dará conclusão?

1ª Velha:

. Vós, altas majestades
Que sobre tudo reinais
Pedis tudo às pessoas
A nós nada nos dais!

2º Velha:

- Achais justo a vossa obra
Viver bem e divertir
Reinar com coroa
Fazer o mal que quereis
E ninguém vos impedir?

1ª Velha:

- Nós todo o dia a trabalhar
Os calos nas mãos a doer
Não poderemos vir cá cima
Pr´a festa também fazer?

Entra o Bobo:
- Ora, bom dia, a todos vós
Eu estive a assistir
Vi os reis a portarem-se mal
Decidi cá acima vir.
Eu sou o bobo do palácio
Faço grandes palhaçadas
Faço gestos e caretas
E dou grandes gargalhadas!
No entanto, sempre disse
O que tinha pr´a dizer
E agora, também, acho
Que iguais devemos ser.
Pois, de aqui em diante
Nunca mais consentiremos
Que vós em nós mandeis
Que não nos deixeis fazer
Todo o bem que queremos.
E, siga a festa
Reinemos todos
Eu sou o bobo do palácio
Gosto muito de brincar
E agora, mas a sério
Vou aprender a governar.
Não existe sangue azul
Os reis são homens, afinal
Tiremos-lhe já a coroa
Para que não lhes faça mal!
Daremos vivas, reinemos todos
E siga a festa!
Gira ó flé, flé, flá

Final:
Enquanto se canta, o Palhaço diz:
Era uma vez um rei
Que vivia com a rainha
Tinha os cabelos brancos
Na cabeça, uma coroazinha.

Um dia, lá no palácio
Fez-se alegre festinha
Já sabem os meninos, agora
Quantas pessoas tinha!